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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


terça-feira, 21 de abril de 2015

Pequenos Sabores! Sabores Compartilhados!

Este pequeno artigo passeou entre anjos, chocolates e café...
Cheiroso, doce a acalentado pelo ouvido dos anjos do filme Asas do Desejo.
Re-publico:

Adoro rever filmes e ir aquelas falas que me tocam. Foi em as Asas do Desejo de Wim Wenders, do ano 1987 em que anjos perambulam pela cidade a ouvir nossos pensamentos que busquei estas reflexões. Anjos estão a nos confortar, até que um anjo decide experimentar a vida humana. Ele se apaixonou, ele quer sentir as alegrias e tristezas da vida. 
Vou remeter-me a cena em que um ex-anjo diz para o outro. Eu não posso te ver, mas eu te sinto, eu sei que está aí. Gostaria de poder ver o teu rosto. Poder olhar nos seus olhos e dizer o quanto é bom “ser”. Apenas tocar algo. Isto é frio. Isto é bom. Tomar um café.  Desenhar: Você pega um lápis, faz um ponto, uma linha... Ou se as mãos estiverem frias, você as esfrega... É muito agradável. Existem tantas coisas boas.

                Existem tantas coisas boas. Outro dia, passeei por entre uma loja de chocolate repleta de ovos e de clientes, é a Páscoa chegando. A atendente surpreendeu-me quando percebeu e saboreou o perfume de meu café do Mercado recém-moído. Logo a seguir em poucos minutos o taxista também comentou aquele perfume. Dei-me conta da alegria que me causou poder passear com este aroma que se expandia. Café querido a alegrar aqueles que por ele passaram.

               Resultado de imagem para imagem café          Saboreamos junto nossos sentidos. Brincamos. Sorrimos. 
Deleitamo-nos.

                Também vi uma idosa. Uma idosa que dormia sob o viaduto da Borges. Saboreei ver aquele rosto sereno.

                Complicamos a vida. Um eterno complicar. Os pequenos sabores podem passar despercebidos enquanto a vida passa. Acreditamos que os anjos por serem eternos é que são felizes, não tem fome, sede, nenhuma tristeza. Perdemos essências por estar em eterna correria entre nossos pensamentos.

                É muito bom quando podemos nos perceber simplesmente sendo. Um arrepio. Um friozinho, um perfume, um alimento que aguça nosso paladar. Um abraço em si. Um abraço no outro.

                Um inspirar profundo. Novamente me encontro no filme quando a trapezista diz: “De novo, um sentimento de bem estar. Como se dentro do corpo uma mão se fechasse suavemente. [] A solidão significa ser por inteiro, um só. [] Não sei se existe o destino, mas existem decisões”.

                Decidamos. Por ser. Por sentir. Por simplificar. Por amar.

                E no encontro do amor a mensagem foi: “Cercar-se no labirinto da felicidade compartilhada”.  Pequenos e sagrados sabores a compartilhar.
 

Acordando o blog... Com Aldo Carotenuto

Uau...
Querido blog! Há quantos meses não te alimento?

Estou em escrita. Escrita para meu trabalho de mulher e mulheres...
Hoje, estive querendo olhar para "dores"... mas o dia estava ensolarado então brinquei com crianças.

Mas estive com Aldo Carotenuto, não o conheci pessoalmente, mas quando o leio parece-me um italiano interessante. Está em minhas mãos seu livro Eros e Pathos: amor e sofrimento, repleto de riscos e rabiscos que ficaram de minha primeira passagem.

Resultado de imagem para imagem aldo carotenuto

Posso brincar e citar alguns?

Inicialmente pegando pesado.
. "uma relação amorosa se rege por uma necessidade patológica de cada um dos parceiros, e todo amante representa a doença do outro."
"O amor, portanto, revela o homem a si mesmo."
Citado na p. 23: "de François Truffaut: Para mim um final feliz não é um casal que se reúne, mas que vai até o fim".
"Todo o discurso sobre o amor se torna assim o discurso sobre si mesmo, a confissão mais íntima."
"Não caminho por uma vereda segura em que encontro indicada a direção a ser seguida, mas numa estrada onde não existem sinais, uma via que eu mesmo traço: em tal momento eu sinto realmente que estou existindo porque sirvo se não ao outro a mim mesmo; mas, exatamente porque assumi a responsabilidade pela orientação, a consciência passa necessariamente através do temor e do medo de me perder."
" O maior erro que podemos cometer é pensar que o outro nos seduziu: eu fui seduzido pelas minhas próprias imagens, que o outro foi capaz de evocar."

"O enorme sofrimento que pode decorrer de um vínculo é fato intrínseco; não podemos rejeitar uma relação por que nos acarreta dor. Tornar manifesto os próprios sentimentos significa ter dito a si mesmos que estamos prontos a aceitar também este aspecto, mas a nossa ingenuidade nos leva ilusoriamente a caminhos que na aparência excluem tal cisão: na realidade, quando dizemos 'sim' a alguém, dizemos 'sim' à vida e à morte."

"Continuo a falar de 'coragem' porque, quando nos dispomos a comunicar experiências subjetivas, vivemos a estranha e singular sensação de estarmos abandonados a nós mesmos."

E....

"Na análise estamos numa espécie de 'desorientação pilotada', rumo a uma nova realidade, que não tem nada a ver com desejos infantis de retorno ao ventre materno, isto é, a uma condição de paz em que, como no paraíso terrestre, não existe história.
Quando, como adultos, damos 'volta ao mundo' para encontrar o nosso coração e dar densidade
à nossa existência psicológica, o que nos espera não é o Éden, mas o real, com as suas contradições e as suas dificuldades."

A grande jornada em conduzir nossa existência humana.