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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


domingo, 21 de outubro de 2018

Passeios e devaneios: O instante Saúde.

Estou saindo mais. Ando andando e cantando. Virei uma tagarela. Um pouco é meu, mas a maior parte provém do Cosmo. A cada dia ele me coloca como que circulando em mandala. Tenho desviado leve e fácil de meu centro, como em dança. E, logo retorno ao centro mais colorida, repleta de belas joias misturadas em mim. Em poucas horas, entre ruas, corredores e papelarias locais, acontecem múltiplos encontros, um atrás do outro. Muitos presentes, encontros coloridos de imagens, ideias e coloridos de amor. Tenho sido agraciada. Pedaços de horas têm se tornado dias. Alguns, destes se aprofundam, caem na caixinha das intimidades e se tornam segredos. Tesouros escondidos. Mas, outros não. Um amado amigo me disse: Agora todos os meses se tornaram cores. Sim, e eu estava à procura de cores para uns slides, indecisa, pois havia algo em mim que me desacomodava. Eu refletia sobre “O”, a cor de rosa. Comecei a passear pela paleta de cores. Gosto desta cor. Fiz um colar de pérolas rosas, composto de artigos e aprendizados em minhas sessões de análise e formação analítica. Usei muito o rosa, amorizei com ele. Mas amo o azul, desde o manto do manto protetor de Nossa Senhora, ao azul noite e também azul blue, aquele que toca Jazz, e nos leva a nostalgia. São infindáveis os azuis, podem parecer verdes e outras vezes se tornam violetas, como os olhos de Liz Taylor. A cor da rosa, enquanto rosa pode ser amarela, vermelha e ainda o perfume nos deixa inebriados na tentativa ao escolhê-las. E tem também o cravo. Múltiplas relativizações. São muitos os podem. Mas meu amado amigo, me recordou dizendo que agora quase todos os meses têm cor. Então viajei para dentro e meu espaço imaginal e este foi se ampliando. Meses de janeiro a dezembro são doze e cores não têm nem ideia de quantas, talvez infinitas como as estrelas. Diz-se que os deuses se tornaram doenças, então entro em meu divagar. E, divagando solto, devagar pétalas perfumadas e imaginais a repousar no solo da vida. Bastarão doze meses ou criaremos quinzenas para alertas e prevenção? Seria ousadia pensar, não sem antes modificar um pouco o tema - afinal somos seres em expansão de consciência, que: se as doenças estão aumentando a ponto de terem um mês destinado a clamar pela atenção da população mundial, o que faz com que não nos atentemos para criarmos o “Instante Saúde”? Seria uma utopia, eu, tu, nós, indivíduos um a um acordarmos nosso instinto de preservação da espécie? Em singularidade e em coletivo? Com cores, odores acordarmos nossos sentidos? Estaria eu em conversa com John Lennon em seu Imagine? Olhando um pouco mais profundo: O que emerge destes meses de “prevenção”? Qual a força que impulsiona estes meses em cores? Este clamor preventivo. Estaria apontando o dedo para nossa desatenção? Singular ou coletiva? Este dar-se conta, este chamado a desatenção, pode ser acolhido? Por que não? A luz colorida por um wake up, à saúde! Escrevo este acordar em inglês, pois ter ciência de que se trata de um acordar planetário e não apenas nacional. Acredito que o movimento pró-saúde já começou. Insipiente. Em potencial. Em semente. E a rega terá que ser diária e individual. É possível. Os frutos talvez nem sejam mais colhidos por nós mesmos e sim por outros: humanos, conhecidos e desconhecidos. Novos campos, árvores solitárias ou em florestas, córregos, lagos, rios, lagos. Oxigênio em poesia. Puro e profundo. Não vejo o tema saúde com tamanha simplicidade. Romantismo. Estamos para além de Pollyanna do livro de Eleonor G. Porter, mas acredito que a cada geração emergem novos acessos às necessidades planetárias, via literatura, música, pintura, cores, deuses e doenças. Nossos olhos podem ver. Nossos ouvidos ouvir. Nosso olfato ser aguçado. Todos podem fazer escolhas e estas podem ser suas novas escolhas. Instantes reflexivos. Instante Saúde. Escolher. Entre rosa e azul anil, ou verde e amarelo, entre dizer sim, dizer não, dizer hoje não ou ainda não. Ah. Ah, agora eu sei. Só agora, eu sei. Estava distraído de mim, de ti, do outro. Comi plástico, resíduos de panelas, bebi águas gostosas, mas ali não havia mais a fruta. Sigo mal alimentada e ainda irradiada. Abuso de minhas células diariamente. Abuso de meus ouvidos e de meus olhos. E também do dos outros. Crio ‘formas pensamento’, algumas que eu não ousaria nem mesmo sussurrar. Negar a minha sombra é impossível, o sol está acima a me mostrar. Há em todos nós. Apegar-se a ela? Aonde nos levaria? Isto me leva a pensar sobre a saúde de uma forma um pouco mais humilde e responsável. Eu me adoeço. Diariamente. Eu posso escolher inicialmente um pouco e depois um pouco mais, este crescente está condicionado, a meu aumento de consciência. E como disse Carl G. Jung: “Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento, e a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se na totalidade”.