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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

É fúria ou tristeza?

Quando vemos alguem furioso com os filhos, parceiros, ou mesmo no trânsito pode-se questionar; é fúria ou tristeza?
A Tristeza e a Fúria
De Jorge Bucay

Era uma vez..
Um tanque maravilhoso.
Era uma lagoa de água cristalina e pura onde nadavam peixes de todas as cores
e onde todas as tonalidades de verde se refletiam permanentemente.
Aproximaram-se daquele tanque mágico e transparente
a tristeza e a fúria
para se banharem em mútua companhia
As duas tiraram os vestidos, e, nuas, entraram no tanque.
A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria),
pressionada pela urgência - sem saber por que -, banhou-se rapidamente
e, ainda mais rapidamente, saiu da água.
Mas a fúria é cega ou, pelo menos, não distingue claramente a realidade.
Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair, o primeiro vestido que encontrou.
E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza..
E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.
Muito indolente, muito serena,
disposta como sempre a ficar no lugar onde estava,
a tristeza terminou o seu banho
e, sem pressa ou, melhor dito, sem consciência da passagem do tempo,
com preguiça e lentamente, saiu do tanque.
Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já lá não estava.
Como todos sabemos, se há uma coisa que não agrada à tristeza é ficar nua.
Por isso vestiu a única roupa que havia junto do tanque: o vestido da fúria.
Contam que, desde então,
 muitas vezes nos encontramos com a fúria, cega, cruel, terrível e agastada.
Mas se nos dermos tempo para olhar melhor,
apercebemo-nos de que esta fúria que estamos a ver
não passa de um disfarce e, por detrás do disfarce da fúria,
na realidade, está escondida a tristeza.



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