Este pequeno artigo passeou entre anjos, chocolates e café...
Cheiroso, doce a acalentado pelo ouvido dos anjos do filme Asas do Desejo.
Re-publico:
Cheiroso, doce a acalentado pelo ouvido dos anjos do filme Asas do Desejo.
Re-publico:
Adoro rever filmes e ir aquelas falas que me tocam. Foi em
as Asas do Desejo de Wim Wenders, do ano 1987 em que anjos perambulam pela
cidade a ouvir nossos pensamentos que busquei estas reflexões. Anjos estão a
nos confortar, até que um anjo decide experimentar a vida humana. Ele se
apaixonou, ele quer sentir as alegrias e tristezas da vida.
Vou
remeter-me a cena em que um ex-anjo diz para o outro. Eu não posso te ver, mas
eu te sinto, eu sei que está aí. Gostaria de poder ver o teu rosto. Poder olhar
nos seus olhos e dizer o quanto é bom “ser”. Apenas tocar algo. Isto é frio.
Isto é bom. Tomar um café. Desenhar:
Você pega um lápis, faz um ponto, uma linha... Ou se as mãos estiverem frias,
você as esfrega... É muito agradável. Existem tantas coisas boas.
Existem
tantas coisas boas. Outro dia, passeei por entre uma loja de chocolate repleta
de ovos e de clientes, é a Páscoa chegando. A atendente surpreendeu-me quando
percebeu e saboreou o perfume de meu café do Mercado recém-moído. Logo a seguir
em poucos minutos o taxista também comentou aquele perfume. Dei-me conta da
alegria que me causou poder passear com este aroma que se expandia. Café
querido a alegrar aqueles que por ele passaram.
Saboreamos junto nossos sentidos.
Brincamos. Sorrimos.
Deleitamo-nos.
Também
vi uma idosa. Uma idosa que dormia sob o viaduto da Borges. Saboreei ver aquele
rosto sereno.
Complicamos
a vida. Um eterno complicar. Os pequenos sabores podem passar despercebidos enquanto
a vida passa. Acreditamos que os anjos por serem eternos é que são felizes, não
tem fome, sede, nenhuma tristeza. Perdemos essências por estar em eterna
correria entre nossos pensamentos.
É muito
bom quando podemos nos perceber simplesmente sendo. Um arrepio. Um friozinho,
um perfume, um alimento que aguça nosso paladar. Um abraço em si. Um abraço no
outro.
Um
inspirar profundo. Novamente me encontro no filme quando a trapezista diz: “De
novo, um sentimento de bem estar. Como se dentro do corpo uma mão se fechasse
suavemente. [] A solidão significa ser por inteiro, um só. [] Não sei se existe
o destino, mas existem decisões”.
Decidamos.
Por ser. Por sentir. Por simplificar. Por amar.
E no
encontro do amor a mensagem foi: “Cercar-se no labirinto da felicidade
compartilhada”. Pequenos e sagrados
sabores a compartilhar.