Todos temos feridas, quer sejamos homens ou mulheres.
Trago aqui
reflexos à ferida masculina.
De Jung: Na
presença do poder o amor nunca está presente.
Ao homem é oferecido um modelo de
vida em busca do poder, a satisfação pessoal fica para depois, antes uma enorme
responsabilidade.
Quantos de nossos homens nunca tiveram licença, nem tempo para ficar em
casa e ver seus filhos crescerem?
Viver com significado e sentido?!
O menino em tenra idade sai do colo da mãe e passa para o mundo dos homens. Recebe muito cedo um
basta às coisas de mulher, choros e também aconchegos!
Chorar? Ter medo?
O fato de o homem reconhecer o lugar do medo
na sua vida significa reconhecer o risco de sentir-se pouco masculino e de ser
humilhado pelos outros. E, assim, seu isolamento aprofunda-se.
Existem compensações: A possibilidade de possuir um carrão, um mulherão, uma casa enorme, um
cargo, reuniões de poder. Coisas de homem. Compensariam?
A ferida masculina não poderá ser
curada em braços femininos. Apenas acessando a sua própria energia é que um
homem pode curar-se, sair da ansiedade, tristeza, depressão, muitas vezes
escondida no excesso de trabalho. O que está guardado dentro de cada um? Raiva,?
lágrimas?
O homem que fantasia que sua esposa está se divertindo com outro; o
homem que demonstra ambivalência para com sua parceira íntima; o homem que se
enfurece com sua esposa inadequadamente protetora; o homem que telefona para
sua esposa de cada parada de caminhão ou aeroporto; controla talão de cheques e
afirma que sua esposa não sabe lidar com finanças; o homem mulherengo; que
menospreza as mulheres e ataca os homossexuais; o homem que tenta agradar sua
parceira não dando atenção a seus próprios interesses – todos estes ainda não
saíram de casa. Ainda estão apegados à experiência mãe-filho, não estão em
contato com a própria alma.
Mas chega um momento em que já adultos
todos temos que aprender sermos a nossa própria mãe, significando cuidar-se como uma mãe cuida.
O homem também necessita este aprendizado.
Sair de casa e acolher-se, cuidar-se, sob o risco de chegar ao fim e perceber que não se viveu de verdade a própria vida.
Todos temos necessidade de carinho e isto não é dependência. Todos precisam de alimentos, cuidados
e carinho.
Ter poder pessoal sim, mas não
poder sobre tudo e todos. Poder pessoal, capaz de nos trazer energia para a
vida, as tarefas diárias e uma vida com significado e profundidade.
Quantas perguntas um homem tem
vontade de fazer a seu pai e que talvez não tenham sido respondidas: Como ser
homem? Como enfrentar o medo? Como encontrar a coragem? Como tomar atitudes
impopulares? Como equilibrar o lado masculino com o feminino? Onde está minha
alma?
Agora adultos a pergunta terá que ser
dirigida a si mesmo.
Ninguém é a própria ferida,
nem a própria dor,
nem a defesa,
Se é o
A própria jornada.
É
chegada a hora de sermos sinceros por inteiro, de reconhecer o medo, mas viver
a jornada. Onde viver a jornada da
alma: Significa servir à natureza, servir
aos outros e servir a esses mistérios do qual somos a experiência.
Sacuda essa tristeza, e recupere seu espírito...
Atire-se como semente enquanto caminha, e...
Não vire o rosto, pois significaria volta-lo à morte,
E não deixe o passado reprimir seu movimento.
Deixe o que está vivo nos sulcos,
o que está morto em si mesmo,
Pois a vida não se move da mesma forma
Que um grupo de nuvens,
Com seu trabalho será capaz de um dia colher a si próprio.
Esta citação provém de James Hollis e está no livro: Sob
a Sombra de Saturno: a ferida e a cura dos homens. Lendo senti o ímpeto em comprar muitos deste exemplar e
presentear aos muitos homens que amo.
Atirem-se como
sementes...
M.
Denise Vargas