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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


domingo, 9 de junho de 2013

A Tristeza e a Fúria


 
 

Era uma vez...

Um tanque maravilhoso.
Era uma lagoa de água cristalina e pura onde nadavam peixes de todas as cores e onde todas as tonalidades de verde se refletiam permanentemente...
Aproximaram-se daquele tanque mágico e transparente a tristeza e a fúria para se banharem em mútua companhia.

As duas tiraram os vestidos, e, nuas, entraram no tanque.

A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria), pressionada pela urgência - sem saber por que -, banhou-se rapidamente e, ainda mais rapidamente, saiu da água... 

Mas a fúria é cega ou, pelo menos, não distingue claramente a realidade. Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair, o primeiro vestido que encontrou...

E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza...

E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.

Muito indolente, muito serena, disposta como sempre a ficar no lugar onde estava, a tristeza terminou o seu banho e, sem pressa ou, melhor dito, sem consciência da passagem do tempo-, com preguiça e lentamente, saiu do tanque.

Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já lá não estava.

Como todos sabemos, se há uma coisa que não agrada à tristeza é ficar nua. Por isso vestiu a única roupa que havia junto do tanque: o vestido da fúria.

Contam que, desde então, muitas vezes nos encontramos com a fúria, cega, cruel, terrível e agastada. Mas se nos dermos tempo para olhar melhor, apercebemo-nos de que esta fúria que estamos a ver não passa de um disfarce e, por detrás do disfarce da fúria, na realidade, está escondida a tristeza.

De   Jorge Bucay
 

 

 

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