Há alguns anos quando comecei a timidamente brincar de
blog, e, diga-se de passagem, continua um movimento escasso, tinha nominado
este espaço de “Essências Grifadas”.
O passeio
pelos terrenos da vida mudou também o formato do blog. Mas, em essência o que
me levava a escrever, era seguir o meu hábito de grifar, minhas leituras desde minha
juventude que já se foi, a lápis, como forma de não rasurar o livro. O lápis se
tornou 6B, e as páginas dos livros amarelaram, mas deixam um sinal, livro pouco
rabiscado e sem conversas internas, ainda não foi bem abraçado.
Bem,
estou em Cartas de Jung e encontrei uma riscaria, ou seja, há que rever, dar
uma nova forma para mim e talvez para você.
Trata-se
de uma carta escrita em 10/01 de 1939 a Fritz PFäfflin: Jung respondia com respeito a uma experiência
deste com um irmão que havia morrido na qual houve uma conexão direta entre o
acontecimento na África e a consciência do remetente.
Diz
Jung,
“Na
minha opinião só existe uma explicação para isso, isto é, que a distância
espacial é relativa no sentido psíquico. [ ] De alguma forma, nossa psique deve
ter a capacidade de anular o espaço e o tempo, ou em outras palavras, a psique
não está completamente dentro do espaço e o tempo. É bem provável que só esteja
encerrado no tempo e no espaço o que chamamos de consciência, e que a outra
parte da psique, isto é, o inconsciente, esteja num estado de relativa inespacialidade
e e intemporalidade. Isso significa para
a psique uma relativa eternidade e
uma relativa inseparalidade em
relação às outras psiques, ou seja, uma comunhão com elas.” (Cartas volume I - Grifos
meus).
Tratou-se
de uma conversa póst-mortem. Espontânea
a não sem riscos. “Tudo indica que sua conversa com seu irmão foi uma vivência genuína
que não pode ser ‘psicologizada’.
Mas o que me levou a postar este
trecho foram suas palavras no que se refere a eternidade e comunhão entre as
pessoas quando olhamos para a psique inconsciente.
Se,
para alguns, isto soa óbvio, para outros, este inconsciente sem tempo, nem
espaço, eterno e em comunhão com todas as psiques ainda não apareceu no horizonte para tornar-se visível