Paginas


Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


domingo, 10 de junho de 2018

Mudanças e Transformações: Diversidade e Múltiplas Possibilidades

Posso ser diferente? Posso fazer e deixar minha obra? Somos todos diversos e infinitas são as possibilidades! É possível transcender, libertar-se e criar-se. Cabe a cada um a libertação de seu vir a ser. São infinitas as possibilidades. A diversidade também. Quem não sabe? Então o que faz que passamos nos colocando pequenos limites e os estancamos? Sim, há necessidade de vasos, mãos de contenção, toques que acalentam conexões, conhecimentos, na linguagem moderna links. A extensão das possiblidades de nossa vida é intensa, então para que colocar um limite no que já se sabe ser ou fazer? Nestes dias tenho imergido em entrevistas com grandes maestros, brinquei de detetive musical, queria, além da música, conhecer, ter intimidade com a voz do maestro, seu jeito, o que pensa. Aí fui me apaixonando pela história facilidades e dificuldades de muitos deles. Comecei de mansinho. Tudo começou com a questão: Como se pronuncia Karajan? E um fio condutor me levou a ouvir sua voz, vê-lo criança, jovem, idoso e já falecido. Aí, chegou outro: Sir Solti sua voz, família e maestria. E este fio condutor começa a fazer um colar, um caminho, gostoso, sem objetivo consciente. Já sei que se diz: Kara(ian). Também já acessou em minha alma um sentimento de tristeza junto a Georg Solti, quando ele conta ter se despedido de seu pai em uma estação férrea para pequena viagem e que devido a guerra recebe uma carta de sua mãe dizendo: Não volte. Nunca mais viu o seu pai. Dia a dia somos conduzidos por infinitas possibilidades, escolhemos uma principal, e as infinitas seguem. Acontece assim e também assim. Limitados em perceber talvez precisemos da entrega de um perfume ou de uma música. Quero dizer com isto que não se pode seguir só a mente, ou só o coração, há que se deixar levar e, muitas vezes, saber voltar, ou não, de acordo com as infinitas possibilidades. Quero dizer que o vaso da vida, família, profissão, nos protege, mas uma vez, misturado e aquecido, pode-se mudar de vaso, ou até mesmo ficar fora do vaso à procura de novas e diversas maneiras de ser, fazer, pensar, ansiar, esperançar e amar. Termino esta curta postagem trazendo parte do que consegui entender. Ontem a noite me encontrei com Sergi Celibidache, maestro romeno (1912-1996).. Ele falava em francês, vinha uma legenda em inglês, sou pouco alfabetizada em ambos idiomas, mas seus gestos, sorrisos, entonação, e uma empolgação extraordinária me deixaram querendo ver sua atuação. Estou apaixonada por ele. Suas características foram diversas de Bernstein, Karajan, Solti e muitos outros. Ele ao acrescentar um ‘tempo mais lento’ ao reger um mesmo concerto, também de forma brilhante ele me pareceu estar mostrando a individuação daquele momento, dando aquela nota musical o seu tempo de vibrar. E a música se liberta. E eu, com minha vibração, de infinitas notas, possibilidades, como criar, liberar a minha criação? Como poderei eu, humilde ser homem, ou mulher, transcender? Libertar-me de padrões, vasos bons ou simplesmente vasos, instituições e usar os nossos instrumentos experienciais para trazermos ao mundo a nossa criação? Como? Existe como? Cabe querer, escolher. Movimentar-se. Parar. Acrescentar, ousar, ansiar, recomeçar, seguir, vibrar. E dando um salto enorme, ainda musicalmente falando, como na ópera Turandot de Puccini com: Esperança. Sangue e Amor.

sábado, 9 de junho de 2018

O nós como salvação!

Estou lendo Jane Fonda. Leitura fácil. Leitura gostosa. Leitura com pequenas associações entre duas palavras, pequenas frases que me levam a interromper no final do capítulo, pela profundidade na simplicidade o que leva um tempinho para apreender. O tema é simples e para mim, a vida em seu terceiro ato. Os meus (teus) sessenta anos em diante, até quando for (mos). O livro que estou lendo é emprestado. Penso que ele apareceu para mim há dois anos recomendado por minha amada analista que começava a lê-lo. Mas o Universo Sempre Conspira, e uma amiga também o lia. E, agora estou com o dela, lendo lenta e cuidadosamente sem rabiscar. Então anoto partes. Só que, nem eu mesma entendo minha letra. Anotei este trecho para repassar. E como mulher aos amados homens, parceiro, amigos e irmãos. Então, rabisquei assim e compartilho também via web: Leia. Releia. Reflita. Presenteie. Todas as pessoas vêm ao mundo como seres interativos, mas desde cedo muitos homens, se não a maioria, são condicionados a se afastar dos próprios sentimentos e achar a sua identidade na dominação e na independência, e não no afeto e comunhão. Li em algum lugar que “os homens têm um medo grande de que se tornar ‘nós’ apagará seu ‘eu’, seu senso de individualidade”. Para a maioria das mulheres, o “eu” é sempre meio poroso, enquanto o “nós” é a salvação. Esta linda passagem de um todo muito maior que parece responder por muito da contemporaneidade. Por que solidão? Isolamento? Tristezas? Depressões? Decepções? Como estou condicionada (o), como condiciono sem perceber meu filho? Até mesmo como entender um homem, criado pelo mundo da mãe, do pai, do coletivo? Como estou com a minha interatividade? Não estamos nos perdendo em comportamentos como: Pedidos de diálogo: Amor, precisamos conversar. Ou ainda: Um encontro fortuito, noturno repleto de intimidade sexual que vem seguido por uma total ausência de contato. O que fiz de errado que não existe dia seguinte? Afinal, o que eu quero, enquanto mulher, e enquanto homem, não seria interagir, um ‘nós’? E como lidar com este medo ‘condicionado’ que me parece estar dia a dia maior? Se a vida com amigos, parceiros e intimidade aumenta o grau de saúde e longevidade, não estaria aí a resposta para a maior morbidade e menor longevidade masculina na falta de intimidade? Que venha o ‘nós’. Nós contigo, nós comigo, ‘nós’ com muitos, com poucos. Hoje tirar a roupa do corpo e partilhar ou não, um ou múltiplos orgasmos é normal. O encontro verdadeiro, possibilitar um “nós” está ameaçado. ...Enquanto isto a robótica se especializa em robôs sexuais. Será só comprar. E a interatividade entre as pessoas? A intimidade? Vamos namorar, jantares, ouvir música, velas, parcerias? Vamos iniciar o “nós”?‘