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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Pessoas Sensíveis

Pessoas Sensíveis. Acordei com estas palavras e, enquanto escova os dentes, meu psique divagou. Imediatamente duas ideias: A sensibilidade implica em insensibilidade, são polaridades. Logo a seguir me veio o quanto o ego que julga já poderia estar a passear através da escrita pela valorização do tema louvando aquelas pessoas que são sensíveis, e talvez advetivando como especiais. Bondosas. Ufa! Nunca será fácil, pensar refletido e ainda ampliar, a tendência ainda é ficar raso, pois estando dentro, rodeada de projeções conscientes, semiconscientes, ou ainda, levemente disfarçadas pela busca do aplauso coletivo busca-se talvez pelo inalcançável. Há como ficar isento? Segundo a física quântica, o observador atua, modifica o resultado. Mas, por que não tentar, brincar, caminhar? Ousei. Deem-se ao trabalho de me subtrair. No instante, naquele pedaço de segundo em que ouvi “Pessoas Sensíveis”, me veio a sensibilidade enquanto fragilidade. Fragilidade no mais amplo sentido que qualquer um possa imaginar. Aquela que tenho e você talvez também tenham. Aquela incompreendida, e que, todos tentando te ajudar lhe dedicam críticas construtivas, “para s seu bem”. Momentos em que a gente perde a chance de vislumbrar a faísca da luz da compaixão. Neste mundo de heróis que só podem vencer e em ‘inglês’, como poderei ser eu mesmo? Agora enquanto escrevo e pousa, alimenta, canta e voa, há menos de metro de mim um pequeno pássaro. Pequeno demais, um pequeno adulto que levava inseto a seu pequenino frágil. A partir daí a sensibilidade polarizou da grande bondade, a fragilidade total. Da sensibilidade perceptiva ao outro que pede com o olhar, o toque, ou até mesmo com a palavra não dita, para aquele que vê e dá, e, também aquele que percebe sensivelmente a necessidade alheia, mas não dá, porque não pode dar. Quão sensível ficaríamos frente a uma necessidade pedida numa situação insensibilidade momentânea ou perene? Pode-se passear por um numero estelar de exemplos. Inúmeras vezes estamos frente a uma atividade que não pode parar, por nada. Como fazer duas cesarianas ao mesmo tempo? Cito, mesmo sabendo que não tem obstetra que já não fez dois partos conjuntos, em que priorizou momentos e de um e voltou a outro. Mas como ajudar alguém a ver algo, se ele não enxerga, ouvir se não ouve, ou ainda cuidar de si, sem ter ao menos iniciado as lições do começar por si. E acrescento aqui, muitos já não tem retinas, equilíbrio, rapidez, e não voltaram a ler, ouvir, caminhar sem bengalas e até mesmo correr. Variáveis que independem da idade. É fantástico, ser chamado de sensível. Tem a força (risco) da identificação com os deuses, mas tem medida e necessariamente dever incluir a outra polaridade. Ser sensível de tão frágil. Insensível de tão forte. E como Analista Junguiana acreditar na Função Transcendente. Aquela que abraça os pólos. As palavras podem ser vãs, ou tocar, ressonar, vibrar, mas, o que realmente importará será a atitude momentânea, a experiência ‘in vivo’. A multiplicidade Humana é infinita. Esta beleza colore o planeta, musica os dias, mas também acinzenta e barulha. Quem somos nós? Humanos. Demasiadamente humanos, individuais, diferentes, repletos de saúdes e neuroses... Esta simples reflexão não provem do nada, acordar com os vocábulos “Pessoas Sensíveis” na mente me trás a superfície consciente uma percepção que tenho visto e tem me deixado extasiada. Há uma infinidade de pessoas que a seu modo, seu jeito, tem feito competente e amorosamente sua história de vida repleta de significado e sentido. A evolução Humana está acontecendo. Tenho visto muitas “pessoas” – aqui abraço uma- lindas demais. Devolvo a ela, e aqueles que lerem estas divagações, sem ainda saber a autoria, que pode ser dela mesma, tamanha a sua compreensão de almas: “Tem pessoas tão lindas por dentro que até parece que comem flores...”. Estou ciente de que no meio de tanta diversidade há feiuras, em todos nós, há feiuras contaminantes, mas há beleza. Há sensibilidade para elogiar, há sensibilidade para cuidar. Há luz que cega, há escuridão que não damos conta. Sejamos pessoas sensíveis, na medida. Feliz 2018

domingo, 8 de outubro de 2017

Uma oração


Gosto das trocas e misturas.
Gosto de oxigenar cada arteríola distante.  Mais do que gosto, eu preciso.
Nem me pergunto e nem agradeço. Acostumei-me. A mim pertence.
Mas, falei de troca e misturas, o que troco?
A fórmula é simples.
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Já vem tudo arranjado.
Alguém maior, mais pensante, mais sábio criou. Apenas estudamos.
O criador.
Enquanto isto enquanto toco, sou tocado, inspiro e expiro.
O que me cabe?
Talvez Auscultar e também Pianar.

Sonhos Companheiros.

Sonhei.
Ah, que pena não anotei.
O fugidio sonho se foi.
A viagem noturna foi feita, mensagens vieram as fronteiras da consciência e acreditei lembrar mais tarde. 
Acreditei que podia ouvir sua mensagem mais tarde, mas ela já se foi.
Então os procuro. Que sensação me trazia?  Onde era? Quem estava?
Estas simples perguntas podem levar a lembranças, experimente.
Partes retornam.
Acordei bem. Acordei assustada, triste, inquieta. Qual a emoção desencadeada?
O sonho é nosso companheiro noturno.
Algumas vezes acordo com a sensação de que vivi mais no sonho do que nas rotinas da vida. Então dou-me conta, de que está havendo falta de atenção na vida acordada, ou seria na vida dormindo?
Dormimos quando repetimos tarefas irrefletidamente. Dormimos quando seguimos setas sem nenhuma reflexão.
Mas, aí sonhamos e desacomodamos. Eles incomodam e acordam a vida diurna.
Sonhos acordam a vida para uma vida merecida, a refletida.

 

sábado, 7 de outubro de 2017

Desejos e Metas uma eterna procura.


A procura é contínua. Buscamos  fora. Buscamos na pele, mas com defesas: A epiderme.  Até que, nos damos conta: Somos seres distraídos de nós mesmos.

Podemos nos perguntar; O que nos distrai de nós mesmos? O que nos leva a deixar desejos e metas a espera? Eu poderia metaforizar e chamar  minhas próprias  distrações de smartfones.


Parece haver uma disputa de forças?
Ora de uma leve tangência, ora com ângulos retos, ou ainda maiores, a ponto de nos levar da inação até à ação contrária. Os outros? Enquanto isto o tempo passa e pouco acontece.

Seriam escolhas preguiçosas?  Um complexo atuante? Ou aquele outro que mora dentro de nós é que estaria ao comando?

Se procurássemos apenas pelo campo racional, encontraríamos definições. Afinal uma distração pode ser desde um descuido a um devaneio, alegria, diversão, abstração. Pode se partir para também para ideias de lapso, cochilo, enfim um esquecimento. Algo que vai do prazeroso ao preguiçoso. Do descuido cordato ao inconsciente.

 O que me leva a este tema? Superficialmente diria que é porque seguidamente me percebo dominada por meu smartfone. Este aparelho que tanto me ajuda, esta agenda que articulo com os olhos e dedos, pode me levar para além dos que refletidamente preferiria e o mantenho a carregar seduções. Ele foi me conhecendo, um robô que sabe muito de mim mesma, e, embora  usualmente me ajude, também me distrai, muitas vezes, até de mim mesma.

 Confesso. Já me esqueci dele e voltei para e buscá-lo. E pensar que em certa ocasião um esposo de uma parturiente esteve a me procurar e me encontrou sentada na beira de um rio. Cheguei a tempo e o parto foi normal.  Pode parecer apenas saudosismo, mas experiências passadas sempre serão ferramentas cunhadas.
 Hoje. Trabalhando menos. Mais velha. Meu tempo deixa metas, sonhos e desejos a espreita. Há que desistir de alguns e fluir a outros.

Parece faltar tempo, embora o ditado diga que, quanto mais se faz, mais se consegue. Isto nem sempre é verdade. Há que vigiar.
Chega um tempo que o pedido é pela lentidão, e, muitas vezes até certa obscuridade externa.
A pressa vai descansar e o silêncio impera.

Começam a faltar fins de semanas, e dias de semana são retirados do trabalho para alimentar ânsias de alma. Benditas ânsias, que não desistem de nós, nos importunam e acordam.
Desejos e metas vivos. É chegado um novo Imperador e trás com ele um novo ritmo, em sístole e a diástole. A batida é interna, vem do coração,  um ritmo da alma.
O certo agora parece incerto e ousa-se decepcionar as antigas demandas. Gera-se até a sensação de certa negligência com alguns acordos.

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     Desejos e metas continuam vivos, brotam como que de raízes desconhecidas, ou seriam conteúdos flores, que viraram frutos e secaram?
 E, agora? Criarão novos brotos na terra?

Uma resposta veio do smart falou via whats que dizia: Mas, não nos abandone. E a resposta foi imediata: Nunca.
Este “nunca”, que veio de dentro mostrou o nascimento da semente. Uma palavra em “ímpeto irrefletido” que anuncia.
Anuncia a necessidade do silêncio, da música calma. Do sábado nublado para escrever. Do tempo para ler e reler, enquanto as retinas ainda estão saudáveis. E sair da comodidade em busca do novo parto. Pequenos movimentos de fidelidade.  
Honrar as vozes ouvidas e proferidas que saem também de dentro e que trazem direções.
 

 

sábado, 23 de setembro de 2017

Sábado em sinfonia.

Amanhecendo.
Desperto ou fui despertada, a dúvida paira.
Há uma chuva mansa, com sua música quase inaudível.
Instantes. Minutos. E, um Sabiá tenor, também um coral de pássaros e talvez um barítono João de Barro melodiam enquanto a orquestra da água e dos céus me inebriam.
A linguagem que sem tradução, toca e penetra o ser.
A orquestra dos céus se intensifica abrindo espaços de surdez pintando de sons os ouvidos internos, aqueles que como Íris são pontes.
Simples assim. Uma chuva no amanhecer de pássaros.
Amansa-se. Pássaros. Poucos pingos. Alguns trovões.
A harmonia, cura, presente em sinfonia e sintonia com a Natureza.
Pela janela pingos aspergem em bênçãos.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sobre o casamento... Sem conflitos???

Tudo já foi dito ou escrito...
André Maurois, nascido em 1885...

Como pode ser fácil a vida em comum de dois seres que estão sujeitos, os dois, a ocasiões de mau humor, a erros, a enfermidades que transformam e exasperam os caracteres? Um casamento sem  conflitos é quase inconcebível quanto um estado sem crises. Somente quando o amor houver pronunciado sua defesa nos primeiros processos e quando o afeto tiver transformado a indignação inicial numa indulgência terna e prazeirosa, poderão as crises ser vencidas com relativa facilidade.

[ ] Que é uma instituição fundada sobre o instinto; que exige para ter sucesso, não somente uma atração física, mas vontade, paciência e uma aceitação do outro sempre difícil; enfim , que se cumprem estas condições, pode-se tecer um sólido e belo afeto mescla única ( e incompreensível para os que a desconhecem) de amor, amizade, sensualidade e respeito, que constitui o único matrimônio verdadeiro.

domingo, 2 de julho de 2017

A fala e o Mantra!

A fala que abre, expõe,  gera vida e relação.
Aí apesar da superficialidade no tema e de minha ocidentalidade ouso transcrever de
Peter Michael Hamel:

Sílabas e Palavras
No caso das sílabas-símbolos mântricas a mais leve oscilação de um timbre, de um som, é da mais alta importância. O poder de um mantra, não importa com que materialidade e intenção, depende intimamente do estado de consciência do praticante. Um mantra não é uma onda sonora tal como descrita pela física, e também não age quando pronunciado por alguém ignorante. É verdade que um  mantra pode ser acompanhado por um som físico, mas sua energia é espiritual, vem do coração, não sendo percebida pelo ouvido externo. Portanto o mantra, na verdade, não é produzido pela boca, e sim pelo espírito, e por isso tem significado somente para os que sabem, para os iniciados.

No Tibete os budistas veneram os iluminados com um mantra traduzido assim: "Você, que se realizou completamente, sem palavras, sem palavras, que é grande sem palavras, abençoado seja."

Há caminhos.
Há começo, meio... meio, meio e talvez chegada.
Há fim, alguns com, outros sem chegada.
Há o presente da humildade e um tempo chronos como meio.
Haverá ou não um tempo Kairós?

Começo com o  A, B, C... de palavra em palavra, parto em parto, relação em relação e em quimera o silêncio mântrico.
Em humildade e vigia,  ainda sou fala. E, em esperança almejo pela linguagem e som, que, venham do coração. 

 

A fala... Espiralando sobre a fala!


Em passeio por livros já lidos, existem sempre alguns que ainda não estão bem apreendidos.
Este livro volta à cabeceira, vai e volta também na bolsa, pois sempre se tem alguns minutos para se relacionar com ideias, palavras em imagens, como se fosse uma guloseima.
Reinicio pelos grafites.
Pequenos trechos marcados e rabiscados por mim a lápis.


Relendo June Singer, Analista Junguiana sobre a fala:

Trazer para fora o que há em seu íntimo exige o ato de falar.
Isto é mais que estar disposto a saber ou entender.
é comunicar-se para um outro ser humano a verdade de quem você é: é colocar-se diretamente em risco, expor a própria veia jugular.

Deixar de realizar esse é ato é depreciar-se, julgar que tem pouco valor como pessoa, reprimir a ponto o que há a ser dito que chega enfim a ficar como água em vida estagnada.

Sem essa espécie de comunicação, a pessoa se fecha sobre si mesma, torna-se temperamental, doente e deprimida.

Abrir-se com uma outra pessoa é um ato que gera vida, como foi no início, quando saiu do útero.

 Neste pequeno parágrafo, que ousei separar em 4, para não perder seu perfume, li e reli, passeei e divaguei.
Há o que fala e o que cala. Ora por que não acredita em si. Ora não acredita no poder de sua fala.
Ora cala por que consente, ora por que reverencia em sagrado.
Há o que fala demais e de menos.
Novamente o espectro vai do infravermelho ao ultravioleta.
Há o que fala macio, mas, também há fala aos trancos e barrancos.
Há a fala que aproxima e a fala que afasta.
Cada um tem sua fala.

Vou negritar do texto de June algumas palavras...
Trazer para fora  [] expor a própria jugular.
Deixar de realizar [] depreciar-se  água estagnada.
Comunicação  como forma de ser saudável
Abrir-se é parir.

Eu, e certamente você,
Já falei demais e foi necessário, mesmo que apenas pequena parte tenha sido sinapsado.
Já falei de menos e faltou um pouco.
Já não tive palavras e fiquei sem comungar.
Já tive palavras e houve comunhão.

Já usei do ato sem a palavra, e a palavra chegou depois.
Já fiquei com o silêncio e com o toque.
Já pari no silêncio.
Já pari com as vistas molhadas.
Já fiquei sem palavras e comunguei.
Já encontrei palavras apenas nos gestos.
Já ouvi palavras não ditas a meus tímpanos e sim a meu Ser.

De peito aberto, e dói, é que se vive.
A mesma vida que gera se gera em espiral.


 

sábado, 1 de julho de 2017

Coisas simples e sagradas

Tem dias que agente acorda inspirado... Neste, a fala ou as atitudes são como que desencadeados em alta velocidade, vêm pensares, sentires e ânimo.
Já em outros a gente sente que quer, mas que há que mergulhar, apaziguar, recolher, fechar...
Mas, fica a ânsia na quietude...

Pincelo então um pouco do que me rodeia...

A Direita... anotações a lápis em bloquinho de armazém, daqueles antigos em que a simples anotação do vendedor já era compromisso de pagamento e se vinha para casa com suprimentos  colocados em sacos de papel, por uma concha que só lá vi.
 
Mas este bloco... estava na gaveta do consultório. Nem sei como veio parar ali.
Era feinho para... anotações mais dedicadas a estética.
O lápis também não ajuda... tem risco fraco.

Uau... Bloquinho... no consultório...
E por aqui este lápis que no meu "criado-mudo" ?
Mas, agora, já há dois dias eles estão se relacionando e eu de intermediária.

Decido. Vou olhar para eles.
E, ver...
Que pérolas anotei?

Agora, respeitosamente, ou ainda, religiosamente, os toco de modo diferente, um já tem idade, e o outro risca fraco. Estão repletos de adjetivos e estamos nos relacionando.

Com licença bloco permita-me que  leia e transcreva o que me deixaste marcar com o grafite fraco?
Permita-me grafite decifrar as "espirais" que fiz com teus rastros liberados.

Pego-o agora:
Assim está escrito:
  .. tudo se auto organiza....
Tudo na natureza está vivo e se auto organiza.
 
***
 
Observar dentro de nós.
Cultivo focado num ponto de consciência disciplinado que é a essência do Hara.
Urso forte - Hara  forte.
 
***

 Aos poucos ... fui relembrando que são anotações enquanto assistia um vídeo do you tube. Vou transcrever como anotei...

Bees  ponte entre o micro e macrocosmo. Existe apenas um coração que conecta todas numa mente coletiva, se assim preferir, como um cérebro aberto, a colmeia envia seus sonhos ao mundo para que possa se manifestar.
 
***

Também copiei e citei de Goethe:
 
A beleza é uma manifestação das leis secretas da natureza,
que de outra maneira
estariam ocultas de todos nós para sempre.
 
***

Sintetizo, dizendo que embora não estando em momento inspirativo, algo se impôs, um bloquinho, um vídeo, um lápis que escreve fraco para reverenciar a natureza, não sem antes respeitar os instrumentos que me permitiram guardar na memória escrita estas poucas frases.
Repito, e a cada dia fica mais claro para mim o quanto tudo realmente está vivo, pedras falam, carros ficam tristes ( lembrei de seu Meu Fusca Falasse), também pinças, bisturis, querem cuidado e carinho.
Temos padrões que vemos em teias, nervuras de folhas ou ao olhar uma árvore se projetando aos céus. O que vejo na arte da natureza, vejo e venero na arte do corpo humano.
Resultado de imagem para graphite e carvãoMesmo  não tendo, ainda, retinas capazes de perceber as espirais energéticas, as físicas já estão claras enquanto algumas outras o vento mostra, aponta, ou o lápis rabisca.

Não se trata mais de crença e sim de Fé, para além de eu procurar ou não via ciência, já não preciso, sei que o Universo está interconectado  e que há um padrão espiral em tudo.

Traz-me felicidade ser do tempo em que a confiança se transmitia com o olhar e um aperto de mãos, traz me saudades do tempo em que professoras mesmo que focadas no ensino pedagógico, nos faziam fazer rodas para cantar e dançar (mandalas), escrever a lápis, apontar o lápis com apontador... e ver as espirais de madeira que saiam para que pudéssemos ver o grafite.






Imagem relacionada
 
Foram também estas mesmas professoras que me ensinaram a colocar o primeiro grão de milho no algodão com água e observar o seu nascimento espiralado. Estava me ensinando cosmos, estava acionando em mim a deusa Deméter, criando em mim a ânsia pelo movimento do dia seguinte apenas para ver a Natureza em manifestação. Era aula de religare.

Gratidão
 

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Questionando com James Hillman nossa Cara





A América Perde a Cara. Se é no rosto que começa a ética da sociedade, então o que acontece com uma sociedade onde o rosto envelhecido é alterado cirurgicamente, domado cosmeticamente e seu caráter acumulado é falsificado? Qual o dano ético que ocorre quando a face dos idosos raramente está à vista? Ou se os rostos idosos à vista são aqueles que foram pinçados, esticados e levados diante da câmara para elogiar um produto? Ou aqueles que não foram melhorados e parecem suficientemente dignos de pena para sentimentalizar?
Para o bem da sociedade, o rejuvenescimento cirúrgico do rosto deveria ser proibido? Isso é um crime contra a humanidade. O que fazemos com a nossa imagem visível tem implicações sociais. A nossa face é o Outro para todo o mundo; se ela já não desnuda sua vulnerabilidade essencial, então os motivos para amar, a exigência da honestidade, o chamado à resposta, nos quais se apoia a coesão social, perderam sua fonte original.


Após esta citação apresento duas lindas faces.
A mulher mais linda que conheço,
Liv Ullman.
Imagem relacionadaE James








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Lendo Hillman

Se já não imaginamos que "os objetos retribuem o nosso olhar",  então as coisas à nossa volta não provocam um desafio ético, não tem apelo.

Não são parceiros de diálogo com os quais se consiga um relacionamento Eu-Tu.

Uma vez que a alma do mundo perde a sua face , vemos coisas, em vez de imagens.

As coisas nos pedem para serem possuídas e usadas, tornando-se propriedades.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Uma água perfumada ao Blog


Mesmo que se queira, ou se siga conselhos: "escolha as prioridades" não se dá conta.
Realizar nossos desejos de corpo e alma, nos coloca diariamente em reuniões internas.

Este meu blog, é um espaço para aspergir  pensamentos, grifos.
É um espaço em que desejo colocar gotas aquosas de alma que possam umedecer um leitor distante.

Tento em minha vida seguir pistas, cores, sons, imagens e com elas tentar fazer o caminho a mim dedicado.

A lida entre o livre arbítrio do ego e os caminhos do daimon,  da semente, dos propósitos, dia a dia, instante a instante, estão como dois irmãos a brigar, aos chutes embaixo da mesa, a chamar atenção de seus pais.

Aí, ora se prioriza um fazer, ora outro.
Assim é comigo. Mas, já aprendi algumas lições.
Aprendi que nem todos são assim, tem os que priorizam o não fazer isto ou aquilo, e são assim.
Cabe a mim observar, ficar atenta a meu jeito de ser com extrema fidelidade a mim mesma.
Mas aprendi também que, às vezes, me boicoto.
Lentamente em aprendizado passeio entre a escolha do possível e do deixar vir.

A lida continua e tenho aprendido a olhar a "frase musical". Aquela que olhando para trás se vê o evento para além.  Ver que foi no desenrolar dos empecilhos que se chegou a um novo fim.
Nem sempre enxergo.

Mas, agora tudo o que quero é cuidar deste blog. Colocar pérolas e perfumes a sprear.
Não sou artista, aquele que cria repleto de estética, e, também não tenho recebido do plano coletivo nenhuma inspiração de arrepiar.
Em falando de vida... ousaria.... dizer:


Viver. Apenas viver.

Viver com qualidade, com bom humor.
Viver o lado bom da vida, não seria um engodo?
Aonde vou colocar o meu outro lado?

Viver, apenas viver?
Não seria assaz superficial?
Há medida?

Viver. Viver em condicional.
Viver desde que feliz.
Viver vida longa, desde que com qualidade.

Viver desde que feliz.
Viver desde que com a caixinha dos transtornos,
escuros, rascunhos, rabiscos, quebrados, estragados e enrugados fique fechada e escondida.
Rusgas, rugas, pedras e doenças. Chuvas e trovoadas. Equação ganho e gastos positiva.

Apenas viver.
Como fazer?

Deixar-se levar pela correnteza, mesmo quando um galho na barranca do rio
se oferece para que eu transforme meu percurso?
Deixar-se levar pela correnteza, mesmo vendo o galho e um outro tu, precisando de ti?
Um tu, outro humano que não é nada meu?
Como escolher caminhos?

Pode-se levar vantagem.
Viver chegando antes. Salvando o seu.
Pode-se esquecer de levar vantagem, e, ter novas oportunidades, ou não?

Apenas viver.
Haja lida.

Viver com luz e escuridão.
O trabalho de olhar ao espelho e reconhecer-se aí.
Haja coragem.

Fazer do dedo que aponta um circulo. Uma  mandala a nós mesmos.
Apenas viver.
Arte difícil.

Há o ponto on , o primeiro choro da maternidade, o choro brado que aponta a todos como a chegada. Há o ponto off,  que com gemido ou suspiro, libera um pranto nos espectadores que amam ou temem.

Viver. Partir do ponto on ao off  e fazer a travessia.
Dar conta do tempo espaço do meio.
Dar conta do meio, num meio.
Viver num meio ora dócil ora hostil.

Viver sua história.

Viver sem culpa.
Viver sem jogar a culpa.
Sem pragar, sem se horrorizar,

Viver não é fácil. Viver não é difícil.
Viver é viver.
Viver é tensão.
Viver é opção, é não opção.

Viver em atenção ou desatenção.
Acordado ou dormindo.
Viver é atentar.
Mas,
há faróis, é, dançam por diferentes paisagens.


Em oração o meu aspergir para que:
Hajam lampejos. Hajam focos.
Sonhos. Música. Pinturas. Poemas. Literatura. Odores. Carinhos.
Mansidão.

 

domingo, 4 de junho de 2017

Palavras de Jung

Ler suas cartas nos toca ao sentir sua docilidade. Nesta relata à psiquiatra e analista Kristine, que estava com câncer e que veio a morrer logo após recebe-la sua experiência de quase morte (EQM).

1/2/1945 To Dr. Kristine Mann

"... informou-me de sua doença [] espero que uma boa estrela faça chegar-lhe esta minha carta.
Como a senhora sabe, o anjo da morte derrubou-me também e quase conseguiu riscar o meu nome de sua lista de vivos. Desde então fiquei quase inválido e venho recuperando-me..."

Segue contando de sua experiência... " A única dificuldade é livrar-se do corpo, ficar nu e vazio do mundo e da vontade do eu. []é algo inegavelmente grandioso. Eu estava livre, completamente livre e inteiro, como nunca havia me sentido antes. Eu me sentia a 15000 quilômetros da terra e a via como um imenso globo brilhando numa luz azul, indizivelmente bela. []

Lá havia plenitude, significando satisfação, movimento eterno ( não movimento no tempo).

[] O que quer que se faça, sendo feito sinceramente, tornar-se-á eventualmente uma ponte para a nossa totalidade, um bom navio que nos conduzirá através da escuridão de nosso segundo nascimento, que no aspecto externo parece morte. Já não viverei por muito tempo. Estou marcado. Mas felizmente a vida tornou-se provisória. Tornou-se um preconceito transitório, uma hipótese momentânea de trabalho, mas não a própria existência.
Seja paciente e considere isso uma tarefa difícil, dessa vez a última.
I greet you
(Carl g. Jung.)"
Imagem relacionada


Kristine, faleceu a seguir e Jung ainda viveu aproximadamente  mais16 anos de sua EQM e desta carta.
Fica para nós um depoimento em que presenteio com grifos:  O que quer que se faça, sendo feito sinceramente, tornar-se-á eventualmente uma ponte para a nossa totalidade....

E o conselho:  Seja paciente e considere uma tarefa difícil, dessa vez a última. 

10% de Desconto


Houve um tempo de cortesia.  Não se pedia desconto. Afinal o mercador, fornecedor de seu serviço pedia pelo valor que julgava bom pelo seu serviço. Até se podia perguntar ao lado, ou fazer pesquisa, e, algumas vezes se recebia a gentileza de um desconto.

Tempos mudaram. Tornou-se comum, frequente, indelicado ou não, algo trivial e até esperado. Em termos de números também, um centavo foi tirado das etiquetas. Hoje tanto para o vendedor quanto para o comprador acrescentou-se mais sílabas e palavras, levando um a soletrar e o outro a pensar. Um engano ao cérebro?

Mas, o que quero é criar uma questão: O que deste comportamento de que mesmo cobrando um valor para qualquer serviço prestado, esteja institucionalizado o pedido do desconto? Não se trata mais do preço justo? Não se espera que o que me oferecem e ofereço tenha este valor?

Outro comportamento cada vez mais frequente é a ideia de que a todos os compromissos seja destinado um pouco menos de nossa dedicação.  10% menos. Sou contratado para 100, faço 90%? A dedicação está com desconto. A gentileza está com desconto. Um up que pode ser deixado para a próxima. Dar um pouquinho menos da medida, e, acredito mesmo, que muitos nem percebam.

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Acredito que precisamos de conexões, em que um só largue da mão do outro quando o outro já pegou, apreendeu. Acredito que se cada um der um pouco mais fica mais fácil para todos.  


Usando a imagem de duas fitas a serem coladas penso que caso se deixe um espaço –um vão – entre elas (a menos que elásticas), talvez não colem. Um pequeno toque, cruzamento fará toda a diferença.

Pode-se varrer só até a porta. Passar plantão antes do outro plantonista, cuidador, funcionários, responsável, chegar.  Ver algo caído e deixar para o outro levantar.

O capricho do sapateiro ao limpar o sapato, quando sua função era apenas arrumar o salto, ou ainda alguém que vai a consulta de análise e recebe orientação para a febre. Ver algo que não está funcionando e avisar, ou ainda, se simples resolver. Apagar uma luz desnecessária.  

Onde ficou este olhar para além? A mão que se estende um pouco mais? Além  da reponsabilidade ou trabalhista? Também está com 10% de desconto?

Já me referi muitas vezes este comportamento de forma pejorativa, como mãos curtas.  Mas, afora os pejorativos, foco aqui para a questão de onde veio esta ideia de que somos explorados?  E onde fica o fraterno? A troca? A gentileza? O desconto oferecido sob a forma de um olhar atento a necessidade alheia e coletiva?

Persistem e agradeço muitas pessoas que partilham seus 100% humano e até um pouquinho mais.  Neste final de semana convivi com muitos.

 

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Disse Jung

O provisório da existência é indescritível.
Tudo o que fazemos - se observamos uma nuvem ou cozinhamos uma sopa - nós o fazemos no limiar da eternidade e é seguido pelo sufixo da infinitude. É significativo e ao mesmo tempo fútil.
E assim somos nós também: um centro singularmente vivo e ao mesmo tempo um momento que já passou. Somos e não somos.

Em carta à Aniela Jaffé...
16/9/1953... Querida Aniela... Cordialmente seu C. G.

 

Sonhos repetitivos!

Sonhos vivem.
Sonhos apresentam imagens e elas vão se modificando noite a noite... tempos em tempos como uma música que segue a próxima nota, acorde, e, muitas vezes repete a mesma frase musical.
Parece que quando a mensagem está apreendida, ela manda novas notícias.

Esta noite, após inúmeras vezes que um sonho se apresentava, ele se completou e a mensagem chegou.
Vem uma mensagem, vem diferente, se complementa, até que se completa uma imagem e a partir deste lampejo de consciência, novos caminhos.

Deixar-se levar! Seguindo pistas!


Deixar-se levar. Mediado pela curiosidade seguindo a correnteza.
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Este tema me toma como uma brincadeira e tal qual uma sincronia leva minha psique a novas atenções como se para mares diversos ou ilhas...

Neste mês tenho ido ao Oriente. Meu celular me indicou em seu comportamento nada aleatório uma musica no you tube.

Num primeiro momento chegou Shigeru Umebayashi, compositor japonês. A partir dele seguindo as pistas, agora com o conhecimento de que ele cria trilhas sonoras de filmes cheguei ao diretor de cinema Chinês Zhang Yimou.   Passei a procurar por seus filmes. Em A maldição da flor dourada, a grandiosidade das cores encantaram minhas retinas, enquanto Shakespeare parecia estar ali em seus dramas familiares. Segui esta pista e pouco a pouco estive com a cultura chinesa. Do espetáculo a singeleza de vidas comuns.  

Trazer este comentário se deve a perceber as tramas da vida se repetindo e sendo mostradas pela arte.

 Nova pista, Edward Yan, o filme de 2000, Yi Yi, As Coisas Simples da Vida, encontro em artigo de Ruy Gardnier:  “ este: yi yi, um e um, trata-se antes de uma crença firme no poder de criar imagem, de acreditar que sobre a realidade (um yi) deve se comentar (outro yi), ou,  mais simplesmente que um ato deriva do outro, e que este novo ato irá ser derivado de um outro. Em uma palavra; consecução.”   

E eu, na simplicidade solitária procurando um yi um ato que deriva do outro em consecução.

Nesta viagem, em deixar-se levar pelas correntezas marítimas, estive na China, fui iniciada e trouxe a meu imaginário novas faces e fisionomias, falando e representando seus sentimentos e emoções. Relacionei-me. Simpatizei. Fui tocada em empatia.  

Mas o celular não parou e me colocou Pëteris Vasks, compositor da Letônia e sua composição Plainscapes acompanhado de pinturas de Hu Jundi, artista chinês que deixa transparecer em suas pinturas mulheres leves, serenas, como poemas.

Deixar-se levar. Viajar pela música e imagem talvez tenha faça parte da “consecução” de um para que desconhecido.  

sábado, 13 de maio de 2017

Essências Grifadas - Quando experiências materiais nos tocam


           Há alguns anos quando comecei a timidamente brincar de blog, e, diga-se de passagem, continua um movimento escasso, tinha nominado este espaço de “Essências Grifadas”.

            O passeio pelos terrenos da vida mudou também o formato do blog. Mas, em essência o que me levava a escrever, era seguir o meu hábito de grifar, minhas leituras desde minha juventude que já se foi, a lápis, como forma de não rasurar o livro. O lápis se tornou 6B, e as páginas dos livros amarelaram, mas deixam um sinal, livro pouco rabiscado e sem conversas internas, ainda não foi bem abraçado.

            Bem, estou em Cartas de Jung e encontrei uma riscaria, ou seja, há que rever, dar uma nova forma para mim e talvez para você.

            Trata-se de uma carta escrita em 10/01 de 1939 a Fritz PFäfflin:   Jung respondia com respeito a uma experiência deste com um irmão que havia morrido na qual houve uma conexão direta entre o acontecimento na África e a consciência do remetente.

            Diz Jung,

                   “Na minha opinião só existe uma explicação para isso, isto é, que a distância espacial é relativa no sentido psíquico. [ ] De alguma forma, nossa psique deve ter a capacidade de anular o espaço e o tempo, ou em outras palavras, a psique não está completamente dentro do espaço e o tempo. É bem provável que só esteja encerrado no tempo e no espaço o que chamamos de consciência, e que a outra parte da psique, isto é, o inconsciente, esteja num estado de relativa inespacialidade e  e intemporalidade. Isso significa para a psique uma relativa eternidade e uma relativa inseparalidade em relação às outras psiques, ou seja, uma comunhão com elas.” (Cartas volume I - Grifos meus).
 
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                               Tratou-se de uma conversa póst-mortem. Espontânea a não sem riscos. “Tudo indica que sua conversa com seu irmão foi uma vivência genuína que não pode ser ‘psicologizada’.

                               Mas o que me levou a postar este trecho foram suas palavras no que se refere a eternidade e comunhão entre as pessoas quando olhamos para a psique inconsciente.  
                        Se, para alguns, isto soa óbvio, para outros, este inconsciente sem tempo, nem espaço, eterno e em comunhão com todas as psiques ainda não apareceu no horizonte para tornar-se visível

Reflexões matutinas!




         Acorda-se pela manhã e estar consciente nos reconecta com a entidade noturna que esteve falando, orientando e talvez, anunciando.

            Vejo, na morte do consciente noturna, o mundo de vida do inconsciente, e nosso fio condutor de vida. Nossos sonhos, nossos anjos.

            Então neste dia, parecia ainda madrugada, escuro e com chuva, perdi o sono, mas, afinal já era dia. Lembro apenas que sonhava com situação trivial que pareceria difícil mas que havia, logo ali, uma solução criativa.

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            É manhã, é sábado e resolvi ler. Minha biblioteca está muito grande, possibilitando muitas combinações de autores, pensamentos e reflexões, Tanto a disposição, parecendo ser impossível de abarcar. Pequenas escolhas. Ou ir a deriva.

            Estou ciente que ler e misturar tem me ajudado a me tornar eu mesma. E que estas ferramentas geram em mim, novos toques, cores, tons, acordes.   Úteis ora para o presente imediato, ou para um passado esquecido, talvez ainda em complexo (conforme a visão Junguiana), ou até mesmo para um momento oportuno do “mapa” de minha vida.

            Seria um líquido mágico a ser aspergido, ou ainda um pó a ser ventilado?

            Estive lendo volumes de cartas de Jung. Esta leitura sempre me trás uma sensação de intimidade com ele. De minhas últimas passadas por estas cartas ficaram em grifos com meus grafites, ciitarei alguns poucos neste primeiro momento:

            Carta para Hugh Walpole, em 14/11/1930: “Os deuses só vivem na criatividade [ ]“Espero ter tempo para escrever um livro, Este é o sempre o melhor tempo que se pode ter.” 

            Gosto também de sua expressão “espírito da época” E aí amplio que para compreender esta expressão, escrita em 1935.

            Hoje, 2017, cabe ler indo além, desde minha época pessoal, coletiva, bem como a atuação deste espirito em diferentes idades físicas de quem reflete. Será diferente para uma criança, adulto jovem, maduro, imaturo, idoso ou senil, referindo-me aquele que já esta sendo cuidado.

            Qual o espírito da atualidade?   Ele segue nesta carta ao Prof Friedrich Seifert. 31/07/1935: “Este desenvolvimento, porém, é um assunto complicado pois não se trata de seus conteúdos que, por assim dizer, sempre foram os mesmos dentro da história da cultura, as da forma”.

            Em sendo os mesmos conteúdos, quais as formas que estão em nossa época?

            Vou escrever dentro de minha pequenez, vivendo em uma realidade sem academia, com leitura singela íntima de minha historia experiencial pessoal em pequena clinica privada, porém de profundas relações físicas e psíquicas como médica atuante e analista.

            Continuamos sendo carentes, e talvez esta grande carência seja provinda falta de um solo firme. Um solo capaz de nos afastar, ou de proporcionar a criatividade - o encontro com os deuses – de forma a escolher como viver com o inexorável, nossa e finitude.

            Aqui, relato um diálogo, de há dois em que eu e amiga paciente conversamos sobre nossa curiosidade com respeito a experimentar a morte.

            Discursa-se muito. Formam-se grupos de aconchego, chamados workshops, ou ainda, treinamentos, ou atém mesmo, congressos, criando “ismos” temporários apaziguadores de nossos medos. Por períodos deixamos de ser só, e silenciosos.

            Ficamos acompanhados por associações que nos levam a nos sentirmos parceiros de pessoas que pensam como nós.  E isto é bom. Desde que: a solidão e o silêncio não percam o seu templo.

            Há também grupos que seguem como em rebanhos.

            Há também aqueles que negam qualquer necessidade de pensar além das cores e marcas dos acessórios que levam ao pertencimento da vida “aplaudida”.

            Temos desde pequeníssimos templos a enormes. Templos materiais que tem perdido espaço aos virtuais, onde a matéria, do poder, deuses com cifrões, e comportamentos que parecem transmitir segurança. Alguns menores que até parecem altruístas e que podem nos afastar de nós mesmos.

            Até o bem pode ser feito de forma equivocada ao todo.

            Temos pequenos fazeres que se tornarão grandes plantações à humanidade.

            Como não admirar aquela semente que o pequeno pássaro distribuiu em outros terrenos via evacuação? Que ato divino criativo?

            Enfim, agora chove muito. E chuva também me conecta.

            Amanhã é dia das mães, vou a um templo de consumismo criativo, pois, amanha que ver o sorriso de minha mãe com a alegria de receber um pacotinho de algo que está precisando, para minha alegria de filha.

            O espírito da época nos conecta, mas também nos dá o arbítrio da escolha em com o quê quero me relacionar.
            Bom sábado chuvoso e um especial dia das Feliz Dia das Mães, aquelas que mães que não pariram, e, que embora não tragam ao mundo sua carga genética multiplicam o mundo em amor com os seus atos.