Em passeio por livros já lidos, existem sempre alguns que ainda não estão bem apreendidos.
Este livro volta à cabeceira, vai e volta também na bolsa, pois sempre se tem alguns minutos para se relacionar com ideias, palavras em imagens, como se fosse uma guloseima.
Reinicio pelos grafites.
Pequenos trechos marcados e rabiscados por mim a lápis.
Relendo June Singer, Analista Junguiana sobre a fala:
Trazer para fora o que há em seu íntimo exige o ato de falar.
Isto é mais que estar disposto a saber ou entender.
é comunicar-se para um outro ser humano a verdade de quem você é: é colocar-se diretamente em risco, expor a própria veia jugular.
Deixar de realizar esse é ato é depreciar-se, julgar que tem pouco valor como pessoa, reprimir a ponto o que há a ser dito que chega enfim a ficar como água em vida estagnada.
Sem essa espécie de comunicação, a pessoa se fecha sobre si mesma, torna-se temperamental, doente e deprimida.
Abrir-se com uma outra pessoa é um ato que gera vida, como foi no início, quando saiu do útero.
Neste pequeno parágrafo, que ousei separar em 4, para não perder seu perfume, li e reli, passeei e divaguei.
Há o que fala e o que cala. Ora por que não acredita em si. Ora não acredita no poder de sua fala.
Ora cala por que consente, ora por que reverencia em sagrado.
Há o que fala demais e de menos.
Novamente o espectro vai do infravermelho ao ultravioleta.
Há o que fala macio, mas, também há fala aos trancos e barrancos.
Há a fala que aproxima e a fala que afasta.
Cada um tem sua fala.
Vou negritar do texto de June algumas palavras...
Trazer para fora [] expor a própria jugular.
Deixar de realizar [] depreciar-se água estagnada.
Comunicação como forma de ser saudável
Abrir-se é parir.
Eu, e certamente você,
Já falei demais e foi necessário, mesmo que apenas pequena parte tenha sido sinapsado.
Já falei de menos e faltou um pouco.
Já não tive palavras e fiquei sem comungar.
Já tive palavras e houve comunhão.
Já usei do ato sem a palavra, e a palavra chegou depois.
Já fiquei com o silêncio e com o toque.
Já pari no silêncio.
Já pari com as vistas molhadas.
Já fiquei sem palavras e comunguei.
Já encontrei palavras apenas nos gestos.
Já ouvi palavras não ditas a meus tímpanos e sim a meu Ser.
De peito aberto, e dói, é que se vive.
A mesma vida que gera se gera em espiral.
2 comentários:
Denise querida obrigada pela partilha que com o espiralar de palavras nos tocou a alma, a emoção e a profundidade. Gratidão. Bj
A gratidao é minha. Acho que faz parte de mim querer repartir... mas vocês analistas e colegas junto ao IJRS seguraram minha mão para que eu fizesse travessias profundas de mãos com o medo e com o olhar no coracao em coragem. Bj
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