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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


sexta-feira, 9 de junho de 2017

Questionando com James Hillman nossa Cara





A América Perde a Cara. Se é no rosto que começa a ética da sociedade, então o que acontece com uma sociedade onde o rosto envelhecido é alterado cirurgicamente, domado cosmeticamente e seu caráter acumulado é falsificado? Qual o dano ético que ocorre quando a face dos idosos raramente está à vista? Ou se os rostos idosos à vista são aqueles que foram pinçados, esticados e levados diante da câmara para elogiar um produto? Ou aqueles que não foram melhorados e parecem suficientemente dignos de pena para sentimentalizar?
Para o bem da sociedade, o rejuvenescimento cirúrgico do rosto deveria ser proibido? Isso é um crime contra a humanidade. O que fazemos com a nossa imagem visível tem implicações sociais. A nossa face é o Outro para todo o mundo; se ela já não desnuda sua vulnerabilidade essencial, então os motivos para amar, a exigência da honestidade, o chamado à resposta, nos quais se apoia a coesão social, perderam sua fonte original.


Após esta citação apresento duas lindas faces.
A mulher mais linda que conheço,
Liv Ullman.
Imagem relacionadaE James








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Lendo Hillman

Se já não imaginamos que "os objetos retribuem o nosso olhar",  então as coisas à nossa volta não provocam um desafio ético, não tem apelo.

Não são parceiros de diálogo com os quais se consiga um relacionamento Eu-Tu.

Uma vez que a alma do mundo perde a sua face , vemos coisas, em vez de imagens.

As coisas nos pedem para serem possuídas e usadas, tornando-se propriedades.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Uma água perfumada ao Blog


Mesmo que se queira, ou se siga conselhos: "escolha as prioridades" não se dá conta.
Realizar nossos desejos de corpo e alma, nos coloca diariamente em reuniões internas.

Este meu blog, é um espaço para aspergir  pensamentos, grifos.
É um espaço em que desejo colocar gotas aquosas de alma que possam umedecer um leitor distante.

Tento em minha vida seguir pistas, cores, sons, imagens e com elas tentar fazer o caminho a mim dedicado.

A lida entre o livre arbítrio do ego e os caminhos do daimon,  da semente, dos propósitos, dia a dia, instante a instante, estão como dois irmãos a brigar, aos chutes embaixo da mesa, a chamar atenção de seus pais.

Aí, ora se prioriza um fazer, ora outro.
Assim é comigo. Mas, já aprendi algumas lições.
Aprendi que nem todos são assim, tem os que priorizam o não fazer isto ou aquilo, e são assim.
Cabe a mim observar, ficar atenta a meu jeito de ser com extrema fidelidade a mim mesma.
Mas aprendi também que, às vezes, me boicoto.
Lentamente em aprendizado passeio entre a escolha do possível e do deixar vir.

A lida continua e tenho aprendido a olhar a "frase musical". Aquela que olhando para trás se vê o evento para além.  Ver que foi no desenrolar dos empecilhos que se chegou a um novo fim.
Nem sempre enxergo.

Mas, agora tudo o que quero é cuidar deste blog. Colocar pérolas e perfumes a sprear.
Não sou artista, aquele que cria repleto de estética, e, também não tenho recebido do plano coletivo nenhuma inspiração de arrepiar.
Em falando de vida... ousaria.... dizer:


Viver. Apenas viver.

Viver com qualidade, com bom humor.
Viver o lado bom da vida, não seria um engodo?
Aonde vou colocar o meu outro lado?

Viver, apenas viver?
Não seria assaz superficial?
Há medida?

Viver. Viver em condicional.
Viver desde que feliz.
Viver vida longa, desde que com qualidade.

Viver desde que feliz.
Viver desde que com a caixinha dos transtornos,
escuros, rascunhos, rabiscos, quebrados, estragados e enrugados fique fechada e escondida.
Rusgas, rugas, pedras e doenças. Chuvas e trovoadas. Equação ganho e gastos positiva.

Apenas viver.
Como fazer?

Deixar-se levar pela correnteza, mesmo quando um galho na barranca do rio
se oferece para que eu transforme meu percurso?
Deixar-se levar pela correnteza, mesmo vendo o galho e um outro tu, precisando de ti?
Um tu, outro humano que não é nada meu?
Como escolher caminhos?

Pode-se levar vantagem.
Viver chegando antes. Salvando o seu.
Pode-se esquecer de levar vantagem, e, ter novas oportunidades, ou não?

Apenas viver.
Haja lida.

Viver com luz e escuridão.
O trabalho de olhar ao espelho e reconhecer-se aí.
Haja coragem.

Fazer do dedo que aponta um circulo. Uma  mandala a nós mesmos.
Apenas viver.
Arte difícil.

Há o ponto on , o primeiro choro da maternidade, o choro brado que aponta a todos como a chegada. Há o ponto off,  que com gemido ou suspiro, libera um pranto nos espectadores que amam ou temem.

Viver. Partir do ponto on ao off  e fazer a travessia.
Dar conta do tempo espaço do meio.
Dar conta do meio, num meio.
Viver num meio ora dócil ora hostil.

Viver sua história.

Viver sem culpa.
Viver sem jogar a culpa.
Sem pragar, sem se horrorizar,

Viver não é fácil. Viver não é difícil.
Viver é viver.
Viver é tensão.
Viver é opção, é não opção.

Viver em atenção ou desatenção.
Acordado ou dormindo.
Viver é atentar.
Mas,
há faróis, é, dançam por diferentes paisagens.


Em oração o meu aspergir para que:
Hajam lampejos. Hajam focos.
Sonhos. Música. Pinturas. Poemas. Literatura. Odores. Carinhos.
Mansidão.

 

domingo, 4 de junho de 2017

Palavras de Jung

Ler suas cartas nos toca ao sentir sua docilidade. Nesta relata à psiquiatra e analista Kristine, que estava com câncer e que veio a morrer logo após recebe-la sua experiência de quase morte (EQM).

1/2/1945 To Dr. Kristine Mann

"... informou-me de sua doença [] espero que uma boa estrela faça chegar-lhe esta minha carta.
Como a senhora sabe, o anjo da morte derrubou-me também e quase conseguiu riscar o meu nome de sua lista de vivos. Desde então fiquei quase inválido e venho recuperando-me..."

Segue contando de sua experiência... " A única dificuldade é livrar-se do corpo, ficar nu e vazio do mundo e da vontade do eu. []é algo inegavelmente grandioso. Eu estava livre, completamente livre e inteiro, como nunca havia me sentido antes. Eu me sentia a 15000 quilômetros da terra e a via como um imenso globo brilhando numa luz azul, indizivelmente bela. []

Lá havia plenitude, significando satisfação, movimento eterno ( não movimento no tempo).

[] O que quer que se faça, sendo feito sinceramente, tornar-se-á eventualmente uma ponte para a nossa totalidade, um bom navio que nos conduzirá através da escuridão de nosso segundo nascimento, que no aspecto externo parece morte. Já não viverei por muito tempo. Estou marcado. Mas felizmente a vida tornou-se provisória. Tornou-se um preconceito transitório, uma hipótese momentânea de trabalho, mas não a própria existência.
Seja paciente e considere isso uma tarefa difícil, dessa vez a última.
I greet you
(Carl g. Jung.)"
Imagem relacionada


Kristine, faleceu a seguir e Jung ainda viveu aproximadamente  mais16 anos de sua EQM e desta carta.
Fica para nós um depoimento em que presenteio com grifos:  O que quer que se faça, sendo feito sinceramente, tornar-se-á eventualmente uma ponte para a nossa totalidade....

E o conselho:  Seja paciente e considere uma tarefa difícil, dessa vez a última. 

10% de Desconto


Houve um tempo de cortesia.  Não se pedia desconto. Afinal o mercador, fornecedor de seu serviço pedia pelo valor que julgava bom pelo seu serviço. Até se podia perguntar ao lado, ou fazer pesquisa, e, algumas vezes se recebia a gentileza de um desconto.

Tempos mudaram. Tornou-se comum, frequente, indelicado ou não, algo trivial e até esperado. Em termos de números também, um centavo foi tirado das etiquetas. Hoje tanto para o vendedor quanto para o comprador acrescentou-se mais sílabas e palavras, levando um a soletrar e o outro a pensar. Um engano ao cérebro?

Mas, o que quero é criar uma questão: O que deste comportamento de que mesmo cobrando um valor para qualquer serviço prestado, esteja institucionalizado o pedido do desconto? Não se trata mais do preço justo? Não se espera que o que me oferecem e ofereço tenha este valor?

Outro comportamento cada vez mais frequente é a ideia de que a todos os compromissos seja destinado um pouco menos de nossa dedicação.  10% menos. Sou contratado para 100, faço 90%? A dedicação está com desconto. A gentileza está com desconto. Um up que pode ser deixado para a próxima. Dar um pouquinho menos da medida, e, acredito mesmo, que muitos nem percebam.

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Acredito que precisamos de conexões, em que um só largue da mão do outro quando o outro já pegou, apreendeu. Acredito que se cada um der um pouco mais fica mais fácil para todos.  


Usando a imagem de duas fitas a serem coladas penso que caso se deixe um espaço –um vão – entre elas (a menos que elásticas), talvez não colem. Um pequeno toque, cruzamento fará toda a diferença.

Pode-se varrer só até a porta. Passar plantão antes do outro plantonista, cuidador, funcionários, responsável, chegar.  Ver algo caído e deixar para o outro levantar.

O capricho do sapateiro ao limpar o sapato, quando sua função era apenas arrumar o salto, ou ainda alguém que vai a consulta de análise e recebe orientação para a febre. Ver algo que não está funcionando e avisar, ou ainda, se simples resolver. Apagar uma luz desnecessária.  

Onde ficou este olhar para além? A mão que se estende um pouco mais? Além  da reponsabilidade ou trabalhista? Também está com 10% de desconto?

Já me referi muitas vezes este comportamento de forma pejorativa, como mãos curtas.  Mas, afora os pejorativos, foco aqui para a questão de onde veio esta ideia de que somos explorados?  E onde fica o fraterno? A troca? A gentileza? O desconto oferecido sob a forma de um olhar atento a necessidade alheia e coletiva?

Persistem e agradeço muitas pessoas que partilham seus 100% humano e até um pouquinho mais.  Neste final de semana convivi com muitos.

 

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Disse Jung

O provisório da existência é indescritível.
Tudo o que fazemos - se observamos uma nuvem ou cozinhamos uma sopa - nós o fazemos no limiar da eternidade e é seguido pelo sufixo da infinitude. É significativo e ao mesmo tempo fútil.
E assim somos nós também: um centro singularmente vivo e ao mesmo tempo um momento que já passou. Somos e não somos.

Em carta à Aniela Jaffé...
16/9/1953... Querida Aniela... Cordialmente seu C. G.

 

Sonhos repetitivos!

Sonhos vivem.
Sonhos apresentam imagens e elas vão se modificando noite a noite... tempos em tempos como uma música que segue a próxima nota, acorde, e, muitas vezes repete a mesma frase musical.
Parece que quando a mensagem está apreendida, ela manda novas notícias.

Esta noite, após inúmeras vezes que um sonho se apresentava, ele se completou e a mensagem chegou.
Vem uma mensagem, vem diferente, se complementa, até que se completa uma imagem e a partir deste lampejo de consciência, novos caminhos.

Deixar-se levar! Seguindo pistas!


Deixar-se levar. Mediado pela curiosidade seguindo a correnteza.
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Este tema me toma como uma brincadeira e tal qual uma sincronia leva minha psique a novas atenções como se para mares diversos ou ilhas...

Neste mês tenho ido ao Oriente. Meu celular me indicou em seu comportamento nada aleatório uma musica no you tube.

Num primeiro momento chegou Shigeru Umebayashi, compositor japonês. A partir dele seguindo as pistas, agora com o conhecimento de que ele cria trilhas sonoras de filmes cheguei ao diretor de cinema Chinês Zhang Yimou.   Passei a procurar por seus filmes. Em A maldição da flor dourada, a grandiosidade das cores encantaram minhas retinas, enquanto Shakespeare parecia estar ali em seus dramas familiares. Segui esta pista e pouco a pouco estive com a cultura chinesa. Do espetáculo a singeleza de vidas comuns.  

Trazer este comentário se deve a perceber as tramas da vida se repetindo e sendo mostradas pela arte.

 Nova pista, Edward Yan, o filme de 2000, Yi Yi, As Coisas Simples da Vida, encontro em artigo de Ruy Gardnier:  “ este: yi yi, um e um, trata-se antes de uma crença firme no poder de criar imagem, de acreditar que sobre a realidade (um yi) deve se comentar (outro yi), ou,  mais simplesmente que um ato deriva do outro, e que este novo ato irá ser derivado de um outro. Em uma palavra; consecução.”   

E eu, na simplicidade solitária procurando um yi um ato que deriva do outro em consecução.

Nesta viagem, em deixar-se levar pelas correntezas marítimas, estive na China, fui iniciada e trouxe a meu imaginário novas faces e fisionomias, falando e representando seus sentimentos e emoções. Relacionei-me. Simpatizei. Fui tocada em empatia.  

Mas o celular não parou e me colocou Pëteris Vasks, compositor da Letônia e sua composição Plainscapes acompanhado de pinturas de Hu Jundi, artista chinês que deixa transparecer em suas pinturas mulheres leves, serenas, como poemas.

Deixar-se levar. Viajar pela música e imagem talvez tenha faça parte da “consecução” de um para que desconhecido.