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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


quinta-feira, 15 de março de 2018

Sonho para uma manhã chuvosa

Esta noite estive com você Hoje é uma manhã de infância, chove. Fica a sensação se que não se iria para escola, só a sensação, pois mesmo com chuva havia capas, capuz, e guarda chuvas, que somadas ao barro nos sapatos nos levavam a sala do saber. Saber também no retorno do recreio, que, estas meninas e aquelas não moravam no centro, abaixo de suas carteiras escolares, havia barro. Hoje, um misto mais de orgulho do que de vergonha. Afinal era uma marca. E ali estávamos. Um detalhe obstáculo vencido. Vocês amigas deste sonho moravam no centro. Mas nesta noite estive com você. Sonhei com pessoas da infância e suas vidas hoje. Faziam planos. Passaram-se mais de 50 anos do início destas amizades. Com quem sonhei ontem? Hoje sonhei com você, sua irmã, minha mãe fugindo no meio de uma rua querendo dirigir, depois brincando muito com crianças e com crianças adultas cuidadosas que descuidam de crianças em rua movimentada. Lembro que as crianças foram rigorosamente assustadas do risco, em que as palavras de susto foram morte a finitude. Rodear e, colorir sonhos é mais ou menos assim. Tem um cenário, época, pode ou não ter um alguém e outros personagens. Há um desenvolvimento. Há mensagem. Mensagem clara. Durante o dia em meio a afazeres, na maioria das vezes nem se sabe a pergunta, questão, meta. A noite vem o sonho. E ele resume fantasticamente tudo que a gente não vê claramente e que nos rodeia como questão trazendo uma historinha. Ainda não vi. Sei que à medida que escrevo virá a mim, respostas, que provavelmente nem estarão escritas. Viajei ao passado, a casa de infância da amiga. Estavam lá adultas a criar. Havia a senhora recém-falecida, sendo escondida, para não entrar em contato com a realidade, havia a senhora idosa, que pareci necessitar cuidados e que aprontava e brincava o tempo todo, mesmo que ninguém acreditasse que ela ainda fizesse escolhas. Havia a senhora que chorava e ficava feliz com a notícia. As amigas tinham novos planos mantendo em pé, com todas as características a sua casa antiga. Eu estava aí, confrontada. Vou transitar mais do alto, de modo que estes dizeres toquem também você. O que o inconsciente poderia querer dizer ao trazer a tona uma história em que mistura épocas e personagens em mais de meio século? O que o leva a misturar amigos e casa de infância, com a chuva ao amanhecer (real), idosos e crianças e um plano criativo das amigas? Que escada difícil de retorno àquela casa queria dizer? Ah, era do pátio dos fundos para entrar novamente nela. Um retorno a casa? Que carrão, camionete era aquela antiga, que para dirigir não encontrava o freio? Mas havia uma mulher mais sábia que dizia simplesmente dirija. E o carro parou. Mas e por que a lembrança e preocupação de estar sem a carteira de habilitação? O diretor da faculdade, aquele que poderia dar todas as dicas e indicações para um contrato estava ali, na sala ao lado, foi dito: Se você quiser? Afinal, o que você quer? O sonho mostra. Em sonho mostrou. Brincou. Criou. Ousou. Sem deixar de mostrar a senhora que é morta, o adulto, que ao advertir apontou sobre a morte às crianças. Iluminou conteúdos ainda vivos e velhos vivos que ainda brincam. Grande sonho para minha manhã chuvosa, com cheiro de infância. De vida, liberdade de escolha. A chuva para mim, sempre me remeteu a manifestação do carinho e aconchego divino. Agora posso pegar a capa, o calçado e ir brincar de trabalhar, afinal sonhei.