Acorda-se pela manhã e estar consciente nos reconecta com
a entidade noturna que esteve falando, orientando e talvez, anunciando.
Vejo, na
morte do consciente noturna, o mundo de vida do inconsciente, e nosso fio
condutor de vida. Nossos sonhos, nossos anjos.
Então
neste dia, parecia ainda madrugada, escuro e com chuva, perdi o sono, mas, afinal
já era dia. Lembro apenas que sonhava com situação trivial que pareceria
difícil mas que havia, logo ali, uma solução criativa.
É manhã,
é sábado e resolvi ler. Minha biblioteca está muito grande, possibilitando
muitas combinações de autores, pensamentos e reflexões, Tanto a disposição, parecendo
ser impossível de abarcar. Pequenas escolhas. Ou ir a deriva.
Estou ciente
que ler e misturar tem me ajudado a me tornar eu mesma. E que estas ferramentas
geram em mim, novos toques, cores, tons, acordes. Úteis ora para o presente imediato, ou para um passado esquecido, talvez
ainda em complexo (conforme a visão Junguiana), ou até mesmo para um momento
oportuno do “mapa” de minha vida.
Seria um
líquido mágico a ser aspergido, ou ainda um pó a ser ventilado?
Estive
lendo volumes de cartas de Jung. Esta leitura sempre me trás uma sensação de
intimidade com ele. De minhas últimas passadas por estas cartas ficaram em
grifos com meus grafites, ciitarei alguns poucos neste primeiro momento:
Carta
para Hugh Walpole, em 14/11/1930: “Os deuses só vivem na criatividade [ ]“Espero
ter tempo para escrever um livro, Este é o sempre o melhor tempo que se pode
ter.”
Gosto também
de sua expressão “espírito da época” E aí amplio que para compreender esta
expressão, escrita em 1935.
Hoje,
2017, cabe ler indo além, desde minha época pessoal, coletiva, bem como a
atuação deste espirito em diferentes idades físicas de quem reflete. Será
diferente para uma criança, adulto jovem, maduro, imaturo, idoso ou senil, referindo-me
aquele que já esta sendo cuidado.
Qual o
espírito da atualidade? Ele segue nesta
carta ao Prof Friedrich Seifert. 31/07/1935: “Este desenvolvimento, porém, é um
assunto complicado pois não se trata de seus conteúdos que, por assim dizer,
sempre foram os mesmos dentro da história da cultura, as da forma”.
Em sendo
os mesmos conteúdos, quais as formas que estão em nossa época?
Vou
escrever dentro de minha pequenez, vivendo em uma realidade sem academia, com
leitura singela íntima de minha historia experiencial pessoal em pequena
clinica privada, porém de profundas relações físicas e psíquicas como médica atuante
e analista.
Continuamos
sendo carentes, e talvez esta grande carência seja provinda falta de um solo
firme. Um solo capaz de nos afastar, ou de proporcionar a criatividade - o
encontro com os deuses – de forma a escolher como viver com o inexorável, nossa
e finitude.
Aqui,
relato um diálogo, de há dois em que eu e amiga paciente conversamos sobre
nossa curiosidade com respeito a experimentar a morte.
Discursa-se
muito. Formam-se grupos de aconchego, chamados workshops, ou ainda,
treinamentos, ou atém mesmo, congressos, criando “ismos” temporários
apaziguadores de nossos medos. Por períodos deixamos de ser só, e silenciosos.
Ficamos
acompanhados por associações que nos levam a nos sentirmos parceiros de pessoas
que pensam como nós. E isto é bom. Desde
que: a solidão e o silêncio não percam o seu templo.
Há
também grupos que seguem como em rebanhos.
Há
também aqueles que negam qualquer necessidade de pensar além das cores e marcas
dos acessórios que levam ao pertencimento da vida “aplaudida”.
Temos
desde pequeníssimos templos a enormes. Templos materiais que tem perdido espaço
aos virtuais, onde a matéria, do poder, deuses com cifrões, e comportamentos
que parecem transmitir segurança. Alguns menores que até parecem altruístas e
que podem nos afastar de nós mesmos.
Até o
bem pode ser feito de forma equivocada ao todo.
Temos
pequenos fazeres que se tornarão grandes plantações à humanidade.
Como não
admirar aquela semente que o pequeno pássaro distribuiu em outros terrenos via
evacuação? Que ato divino criativo?
Enfim,
agora chove muito. E chuva também me conecta.
Amanhã é
dia das mães, vou a um templo de consumismo criativo, pois, amanha que ver o
sorriso de minha mãe com a alegria de receber um pacotinho de algo que está
precisando, para minha alegria de filha.
O
espírito da época nos conecta, mas também nos dá o arbítrio da escolha em com o
quê quero me relacionar.
Bom sábado chuvoso e um especial dia
das Feliz Dia das Mães, aquelas que mães que não pariram, e, que embora não
tragam ao mundo sua carga genética multiplicam o mundo em amor com os seus atos.
2 comentários:
Que ótima reflexão Denise. E assim podemos intensificar um sábado chuvoso. Obrigada. Um lindo dia das mães para ti. Bj
Querida teu comentário vem de uma mãe com atributos de Hermes, me lisonjeia. Bj.
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