Longo parágrafo de Jung, com grifos para reflexão:
Existe ainda um grande obstáculo para a apreciação correta
da psique humana, que talvez seja ainda mais significativo do que os
anteriores. Trata-se de uma experiência reservada principalmente ao médico, na
qual se constata que a desvalorização da psique e outras resistências semelhantes
com relação à apreensão psicológica baseiam-se, em sua maioria,
no medo e
pânico, das possíveis descobertas que possam ser feitas no campo inconsciente.
Esse
medo não invade apenas aqueles que se assustaram com as descobertas do inconsciente
feitas por FREUD. O próprio pai da “psicanálise” o experimentou tendo, por
isso, não apenas de afirmar sua teoria sexual como um dogma como também de postular que a
psicanálise consiste no único baluarte da razão contra uma possível “irrupção
da maré negra do ocultismo”. Com isso, FREUD, exprimiu a sua convicção de que o
inconsciente ainda teria muito a esperar, o que poderia provocar interpretações
‘ocultistas’, como de fato ocorre.
Existem certos “restos arcaicos” relacionados aos instintos
que constituem suas formas arquetípicas.
Sua principal característica é um medo
numinoso e eventual.
Essas formas são indeléveis, pois constituem o próprio fundamento
da psique. Nenhuma estratégia intelectual é capaz de apreendê-las e quando, por
acaso , alguma de suas formas de manifestação se vê destruída, elas reaparecem
numa “forma alterada”.
O medo da psique
inconsciente é o obstáculo mais árduo no caminho do autoconhecimento e também
no entendimento e abrangência do conhecimento psicológico.
Por vezes é tamanho,
que nem sempre se consegue confessá-lo.
Essa questão deveria ser considerada
com seriedade por todo homem religioso, pois ela poderia lhe fornecer uma
resposta iluminadora. JUNG, Presente e Futuro.
Petrópolis, Vozes, 2008. (OC X/1 §530)
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