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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


sábado, 19 de julho de 2014

As feridas que o homem traz!


Todos temos feridas, quer sejamos homens ou mulheres.
Trago aqui reflexos à ferida masculina.

De Jung: Na presença do poder o amor nunca está presente.
        
           Ao homem é oferecido um modelo de vida em busca do poder, a satisfação pessoal fica para depois, antes uma enorme responsabilidade.
           Quantos de nossos homens nunca tiveram licença, nem tempo para ficar em casa e ver seus filhos crescerem?
          Viver com significado e sentido?! O menino em tenra idade sai do colo da mãe e passa para o mundo dos homens. Recebe muito cedo um basta às coisas de mulher, choros e também aconchegos!

Chorar? Ter medo?
O fato de o homem reconhecer o lugar do medo na sua vida significa reconhecer o risco de sentir-se pouco masculino e de ser humilhado pelos outros. E, assim, seu isolamento aprofunda-se.

Existem compensações: A possibilidade de possuir um carrão, um mulherão, uma casa enorme, um cargo, reuniões de poder. Coisas de homem. Compensariam?

A ferida masculina não poderá ser curada em braços femininos. Apenas acessando a sua própria energia é que um homem pode curar-se, sair da ansiedade, tristeza, depressão, muitas vezes escondida no excesso de trabalho. O que está guardado dentro de cada um? Raiva,? lágrimas?

O homem que fantasia que sua esposa está se divertindo com outro; o homem que demonstra ambivalência para com sua parceira íntima; o homem que se enfurece com sua esposa inadequadamente protetora; o homem que telefona para sua esposa de cada parada de caminhão ou aeroporto; controla talão de cheques e afirma que sua esposa não sabe lidar com finanças; o homem mulherengo; que menospreza as mulheres e ataca os homossexuais; o homem que tenta agradar sua parceira não dando atenção a seus próprios interesses – todos estes ainda não saíram de casa. Ainda estão apegados à experiência mãe-filho, não estão em contato com a própria alma.

Mas chega um momento em que já adultos todos temos que aprender sermos a nossa própria mãe, significando cuidar-se como uma mãe cuida.
O homem também necessita este aprendizado.
Sair de casa e acolher-se, cuidar-se, sob o risco de chegar ao fim e perceber que não se viveu de verdade a própria vida.
           Todos temos necessidade de carinho e isto não é dependência. Todos precisam de alimentos, cuidados e carinho.
           Ter poder pessoal sim, mas não poder sobre tudo e todos. Poder pessoal, capaz de nos trazer energia para a vida, as tarefas diárias e uma vida com significado e profundidade.

Quantas perguntas um homem tem vontade de fazer a seu pai e que talvez não tenham sido respondidas: Como ser homem? Como enfrentar o medo? Como encontrar a coragem? Como tomar atitudes impopulares? Como equilibrar o lado masculino com o feminino? Onde está minha alma?      
Agora adultos a pergunta terá que ser dirigida a si mesmo.

Ninguém é a própria ferida,
nem a própria dor,
nem a defesa,
Se é o 
A própria jornada. 
 
É chegada a hora de sermos sinceros por inteiro, de reconhecer o medo, mas viver a jornada.  Onde viver a jornada da alma: Significa servir à natureza, servir aos outros e servir a esses mistérios do qual somos a experiência.

            Sacuda essa tristeza, e recupere seu espírito...

Atire-se como semente enquanto caminha, e...

Não vire o rosto, pois significaria volta-lo à morte,

E não deixe o passado reprimir seu movimento.

Deixe o que está vivo nos sulcos,

o que está morto em si mesmo,

Pois a vida não se move da mesma forma

Que um grupo de nuvens,

Com seu trabalho será capaz de um dia colher a si próprio.

 

 
Esta citação provém de James Hollis  e está no livro: Sob a Sombra de Saturno: a ferida e a cura dos homens.  Lendo senti o ímpeto em comprar muitos deste exemplar e presentear aos muitos homens que amo. 
Atirem-se como sementes...

                                                                       M. Denise Vargas

 

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