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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


quinta-feira, 4 de julho de 2019

Andando pela para Hipotenusa

Sempre amei matemática, e de verdade. Foi a matéria que mais me acompanhou em meu caminho pessoal e profissional. Foi com a matemática, que entendi desde a fisiologia humana aos ritmos da vida, da alternância, de luz e sombra, negativo, positivo, a parábola, e as metáforas. A matemática foi a minha matéria mãe embora hoje não saiba mais nenhuma daquelas fórmulas decoradas. Orientava-me. Indicava-me caminhos. Há alguns dias, apressada saía de um local e bem no ponto de início e houve o instante de decidir ir, por aqui ou por ali. E ouvi a voz de meu pensamento a dizer: Você sempre seguiu pela hipotenusa. Então refleti. Passei a vida andando pela hipotenusa. O que me motivou a este hábito antigo? Seriam por serem caminhos mais rápidos? Não estaria na hora de caminhar pelos catetos? Comecei a olhar parar triângulos e relembrar das formas e incluí losangos e quadrados, uni e tridimensionais. Uma nova forma de se relacionar com estas figuras que permeiam o universo no ao redor e dentro de cada um, desde caminhos a atitudes. Recordei de Pitágoras e o quanto desde a infância ele me fascinava e apaixonava. Gerava movimentos nos pensamentos e já guiava e mostrava um modo de olhar para o mundo. Ao me deparar com este caminho e opções e ter escolhido a hipotenusa, fui confrontada com esta afirmação-pensamento: seria mais rápida, uma forma de amaciar caminhos, mas que em algumas situações se tornam árduas subidas e descidas, percebi que fui ajudada pelo uso das curvas como forma de alcançar o próximo nível a meta desejada. Uma interpenetração entre masculino e feminino. O reto e o redondo? Assim é a vida. Podem-se escolher entre ângulos mais ou menos agudos, mas também existem as curvas, as voltas e revoltas. A matemática viva. Nas escolhas e vibrações. Nos ciclos. Nas fases da vida. No eixo ego-Self. Olho carinhosamente para estas linhas da vida e percebo com alegria que é possível estar atento em lentificar os próprios caminhos com pauses e slows como forma de originar um alargamento perceptivo da própria existência. Então: Não estive com a contemplação um pouco negligenciada? Por que não se permitir um olhar mais abrangente? Uma visão de 180 graus? E em circular alcançar momentos de 360 graus. Um circular contemplativo. Uma reverência às retinas, tímpanos e sensações na própria pele, os sentidos físicos como órgãos de relação com o instante presente. O sagrado do instante. Assim é a vida. Muitas são, inúmeras, incontáveis são as variáveis, mas também escolhas, que com pitadas de consciência se tornam muito mais saborosas. O presente de estar presente no presente. Voltando ao triângulo, e eu? Que voz maravilhosa aquela do instante que me disse: Você sempre escolhe a hipotenusa. Agora seguindo por catetos novos olhares, sensações sem desprezar os momentos em que a hipotenusa vem necessariamente a segurar o ângulo reto entre os catetos. Seria um suporte, um equilíbrio, um jeito de ser? O apoio necessário? Um pertencimento? Apenas uma escolha? Sem certo nem errado? E, em atenção à própria vida, não caberia ousar caminhar por catetos a repetir situações já apaziguadas e passear por caminhos diferentes? Um aumento da abrangência de seus espaços e experiências simplesmente saindo do automático e rotineiro? Permitir-se experimentar mudar a si, seu jeito, modo, pensamento, tempo, espaço? Romper com paradigmas? Escolhi experimentar, digo, brincar. Observar desde meu caminhar literal, até o caminho de meus pensamentos e conversando com eles, acolhê-los mesmo que pareça não serem minhas vozes internas que falam o tempo todo. Sim, houve o conceito na escolha de caminhos e que pedem para serem permutados, por outros que carecem da experiência. Caminhos mais longos, com mais chão, outros odores, umidades, arenosos, e talvez mais lentos pela necessidade do cuidado frente à própria fragilidade. Ao olhar para condicionamentos, a partir da voz interna que foi ouvida e sem saber desde que idade estes se implantou, percebo há tempo, a um prazer experiencial pela frente. Colorir diferente as linhas e curvas e entregar-se para novas aventuras. Vida vivida plena de possibilidades. Estar na vida em usufruto do tapete, o campo, o espaço tempo de experiência terrena para fazer da sua vida uma mandala e quiçá atingir a quadratura.

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