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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


terça-feira, 9 de julho de 2013

Intermezzo: um espaço criativo entre mãe e filha


Intermezzo:
um espaço criativo entre mãe e filha
A partir da melodia que tocou no imaginário da autora - o intermezzo
da ópera Cavalleria Rusticana - percebeu-se a necessidade de um intervalo. Este intervalo se materializou abraçando a ideia de encontros entre mãe e filha. Conceber este espaço criativo, em que ambas estiveram acompanhadas por xícaras de chá, dobraduras de origami e muitos diálogos, trouxe uma sensação de preenchimento de lacunas e vazios existentes nesta relação tornando-a ainda mais íntima e amorosa.
 
Algumas trechos e citações:
 
A relação mãe e filha nem sempre acontece de forma que a filha se sinta segura, confortável e acolhida.  Cria-se um espaço em que ficam lacunas, tristezas e até mesmo ressentimentos.
Percebe-se que algo não ficou fluido, íntimo e confortável para mãe, filha ou ambas. É possível transformar essa relação? Como? O que, na filha, não está preenchido, olhado, pensado, sentido, no que se refere à relação mãe e filha?
É possível criar um espaço criativo? Criá-lo trouxe a possibilidade de ir ao encontro.  Criar de forma intencional um tempo para simplesmente estar com, decidir, deliberar, entrar em intermezzo. Nada a fazer, apenas um encontro, um encontro criativo e reflexivo.
 
 
Jung diz...
Se eu fosse um filósofo daria prosseguimento ao argumento platônico segundo minha hipótese, dizendo: “em algum lugar celeste” existe uma imagem primordial de mãe, preexistente e supra ordenada a todo fenômeno do “maternal” (no mais amplo sentido da palavra). Mas como não sou filósofo e sim um empirista, não posso permitir a mim mesmo a pressuposição de que o meu temperamento peculiar, isto é, minha atitude individual no tocante a problemas intelectuais tenha validade universal (JUNG, 2006, §149, grifo do autor). 
 
 
Marion Woodman...
A consciência do feminino surge da mãe, e você tem de se alicerçar nisso porque sem essa base você seria simplesmente soprado para longe pelo espírito. A consciência feminina, no meu entender, significa mergulhar nesse enraizamento e reconhecer quem é você como alma. Tem a ver com amor, com receber – nesta cultura praticamente todo mundo sente terror de receber. Tem a ver com entregar-se ao próprio destino, conscientemente - e não às cegas – mas reconhecendo com total consciência suas forças e limitações. (WOODMAN, 2003, p.43)
 
e
A maioria das pessoas não alimenta suas almas, por que não sabem como. A maioria de nós, nesta cultura, é filha de pais que, como o restante da sociedade, correm o mais que podem, tentando se segurar financeira e socialmente, e também de várias outras maneiras. Há uma compulsividade à qual está a criança exposta, mesmo desde seus tempos de útero. No seu primeiro ano de vida, já é esperado que a criança tenha desempenhos. Frequentemente, o genitor não é capaz de receber a alma da criança, seja qual for essa pequenina alma, porque não reserva nenhum tempo para receber, ou por que não gosta do que a criança é. Muitos pais são muito preocupados em fazer com que seu filho tenha aulas de dança ou esqui, que frequente um bom colégio, e seja o primeiro aluno da classe. São tão ansiosos a respeito de tudo que estão tentando “dar” para a criança que não recebem na dela. Por exemplo, a criança chega correndo com uma pedra, seus olhos brilhando de deslumbramento, e diz: “Olhe que coisa maravilhosa eu achei”. E sua mãe comenta: “Devolva isso à terra que é o lugar dela”. Essa pequena alma logo para de trazer pedras para mostrar e se dedica ao que lhe é possível fazer para agradar a Mamãe. O processo de crescer se torna um exercício de adivinhação de como agradar os outros, em vez de uma expansão por meio de experiências. Não há crescimento sem sentimentos autênticos. As crianças que não são amadas em seu próprio ser não sabem como se amar. Quando se tornam adultas, têm de aprender a alimentar sua criança perdida e ser sua própria mãe.” (WOODMANN, 2003 p.66, grifo do autor)
 


Bom, é uma coisa notável, mas quando uma pessoa consegue atravessar alguma limitação, um movimento tem início nos outros. Acho que existe algo na linha de um movimento cultural rumo à ampliação de consciência. Certamente, quando uma pessoa, numa sala, é mais consciente, ela muda a consciência de todas as pessoas daquele local. E, numa família, se uma pessoa está trabalhando para se tornar consciente, todos da casa sofrerão mudanças.”. (WOODMANN, 2003 p.43)
 


 
É hora de se sentir em preenchimento amoroso, na relação com a mãe, uma reverência ao sagrado do materno.
“No encontro feliz e amoroso entre mãe e filha, a Terra cobre-se de um verdor novo e abençoado, e Deméter, num ato de benevolência, consagra-se a ensinar os seus mistérios à humanidade.” (KOLTUV, 1997, p.35).
 
 
O artigo ficará a disposição no site do
INSTITUTO JUNGUIANO DO RIO GRANDE DO SUL.  
Se houver interesse em lê-lo posso também encaminhá-lo via e-mail.
 
 
 
 
 
 

 

Um comentário:

Denise Dal Ri Braun disse...

Nossa...Muito legal. Nos faz refletir. Adoro o seu blog.

Bjus