Foi alguns anos, uma gestação para além dos nove
meses. O processo de formação a analista está concluído.
As horas de análise, de supervisão, de seminário e jornadas foram cumpridas. Após
quatro anos a data do parto se aproximava e o nascimento final levou a um
aprofundar ainda maior.
Ainda
em sala de “pré-parto” haveria o estudo de caso. Este foi se movendo e trazendo questões que
ainda precisavam malear-se. Junto à banca analisadora, recebi toques,
semelhantes àqueles que todo obstetra sabe ser necessário e facilitador à descida
em movimento de rotação do bebê. Neste caso, os toques ajudavam a separação da mulher
analisada da mulher analista. As almas são individuais.
A
criança estava pronta e o vérnix caseoso
que envolvia sua pele começava a diminuir. Havia que sair da água, do
inconsciente, e respirar no mundo. Tudo
correu bem, a criança desceu, coroou e se via os cabelinhos. Criativamente as mensagens do inconsciente subiam e traziam os conteúdos necessários e, também detalhes, curvinhas e covinhas que pareciam supérfluos a uma escrita monográfica, mas que foram respeitados.
O parto aconteceu na sede do IJRS – Instituto Junguiano do Rio Grande do Sul. Envolta por amigos, familiares, colegas de formação e analistas, permiti o meu despertar a analista.
Preparei cuidadosamente a apresentação e o ambiente, com cores, odores, noturnos, flores e lembrancinhas.
O despertar foi para além do conhecimento, houve muito aprofundamento. Alguns termos como o Respeito passou a ser colocado em local de Honra. Refiro-me ao auto-respeito e o respeito ao outro. Os julgamentos já haviam sido desmascarados em prol do direito a diferença.
Desperta novamente a relação, Eros, o amor ao todo.
Houve apropriação de valores que já me pertenciam. Vou me permitir colar do meu artigo Vaso Gravídico algumas frases e citações:
“A
valorização positiva da experiência da gravidez parece fundamental para que
ocorra uma transformação positiva na personalidade.” (GALBACH, 1995, p.162),
Fica
ainda a imagem criada para este trabalho, imagem essa, que somente se
apresentou poucos dias antes da conclusão do artigo: A existência de um “Cordão
Umbilical Cósmico”.
A
mulher é envolta por um vaso gravídico e, dentro desse, poderão ocorrer muitas
transformações. Algumas serão felizes, outras de dor. A conexão desse cordão
umbilical cósmico perpassa esta mulher que está sendo tocada. Seu útero poderá
crescer. Seu parto, chegar. Seu bebê, nascer. Mas, além de todos os
acontecimentos que se percebem, existe
um potencial para um novo nascimento, um renascimento psíquico dessa mulher.
Então,
nasci.
Nas
palavras de Marion: “A autoentrega total e ativa pode acabar constelando um
autoencontro.” (GALBACH, 1995, p. 43).
É
chegada a hora de retomar a escrita em blog. Aos poucos pinçarei partes do todo
de meu trabalho que será colocado na íntegra no site do IJRS – www.ijrs.org.br
Coloco-me
também a disposição de trazer algumas divagações e reflexões a respeito de
algum tema pessoal, sem particularizar.
Estou
em estado de Gratidão
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