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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


domingo, 27 de maio de 2018

Tempos: A Análise e sua Grandeza

Fazer análise? Fazer terapia? Para quê? Afinal vou dando conta. O tempo está exigente e faminto. As demandas nos estraçalham e vamos dando conta. O que a terapia faria por mim? No que se refere a seu parceiro, mãe, pai, filho, vizinho, emprego, seus ditos problemas continuam, nada. Então para quê? Se nada vai mudar para que vá a uma sessão de terapia analítica? Investir tempo e dinheiro já escassos? Expor-me? Ser julgado? Confrontado? Crenças como que dizem que nada muda que é melhor deixar assim, de que o mundo é assim mesmo, que o terapeuta sabe a resposta faz com que muitas pessoas deixem de entrar em contato consigo mesmo em sessões de análise. O que me leva a fazer e frequentar, ou melhor, me presentar com sessões de análise? Frequentemente atendo em clinica médica pessoas em que uma ou duas sessões de análise já mudariam o seu jeito de olhar a vida. Não são poucas as vezes que um questionamento, leva a mudar a lente com que olha a sua vida. Gosto muito de usar o dedo indicador como seta. Uma vez focando para mim mesma o trabalho ao alívio transformador já começa. É comigo? Então posso fazer diferente. O trabalho da análise não se dedica apenas aos sofrimentos agudos, embora sua procura ocorra na maioria das vezes no momento de explosões, enchentes de lágrimas, ou poços que não se consegue sair. É a hora do pronto socorro, acolhe-se de modo a aliviar, trazer a respiração e a vida e para sair deste tempo. Em seguida se começa a olhar para os motivos pessoais de cada um aparecem questões? Por que de novo? (Onde foi que eu errei ? Não errou: Não sabia) Como mudar esta repetição que acontece em minha vida. Como mudar este carimbo? O que posso fazer diferente? Cria-se no campo, no espaço que nos rodeia e os temas conversam com o analista e o analisando. Começam a aparecer respostas, caminhos, possiblidades a serem apreendidas. E como que por encanto os caminhos se abrem. Penso também que o simples ato de querer lembrar-se de um sonho, trás um sonho. O ato de sentar com o analista é um movimento de querer uma transformação. Analista não aconselha. Analista não dá muita ideia, abre possibilidades. Abre o tema. Amplia. O analista não sabe fazer a vida por ninguém, quiçá por ele mesmo, à custa de longa e constante dedicação a seu próprio autoconhecimento. Mas o analista ouvirá calmamente que você quer mudar seu pai, mãe, marido, filho, emprego, mas estará atendo a lhe mostrar o que você veja pode mudar em si. A mudança é em si. Tenho assistido inúmeras curas de relação mãe e filha. Emocionante. Puro amor. Tenho observado novas doenças, o aumento da inconsciência e a procura de terapias e pílulas mágicas. Enquanto o tempo voa na semana voa também nossa vida. Vamos adiando a nós mesmos. Ontem escrevi no whats para uma das minhas melhores amigas: Me preparando para morar mais dentro de mim. E ela me respondeu: Nossa! Que barato. Vais encontrar belas imagens. Talvez seja este o convite que faço ao recomendar o autoconhecimento através da Análise Junguiana, percorrer amplamente o mundo externo, sem deixar de morar dentro de si. Estou me propondo estar mais tempo dentro, e trazer estas belas imagens para fora. A mudança é como a flor, abre de dentro para fora.

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