quarta-feira, 22 de maio de 2019
Música e Chuva
O tempo está passando quase sumindo, ou ainda, podemos sentir sua infinitude, acolhidos por nossa finitude?
São inúmeras as vezes que ouço: tudo muito rápido.
O tempo voa.
Parece que os dias estão mais curtos.
Então decidi sentir um pouco disto.
Estamos cientes de sua relatividade sempre que a uma angústia ou a um momento feliz, não parece levar o mesmo tempo.
Vou misturar alguns tempos.
Há 2 dias, chovia, escolhi um período para ficar de pijamas, olhando para a chuva, que estava ritmada forte gostosa e acolhedora.
Para mim os dias chuvosos são para escrever, refletir, acolher palavras e inspirações.
A dois, fui questionada? O que queres ouvir?
Abri-me e escolhi aquela.
E nosso espaço musical recebeu Mahler.
Esta Sinfonia teve seu tempo e história, foi sua última composição apresentada em vida. Mahler a compôs na Áustria, no verão de 1906, e sua primeira apresentação ocorreu em Munich em 1910.
Mas o tempo seguiu seu curso e eis que constelou uma grande gravação. A Orquestra Sinfônica de Chicago, em turnê na Europa e acolhida pela batuta do maestro Georg Solti, o Coro da ópera de Viena e o coral de meninos de Viena trouxe a Sinfonia nº 8, a “Symphony of a Thousand” em 1971, ainda considerada como a sua melhor performance.
Escolhida: Ouvimos.
Inicia com: Veni creator spiritus.
Divaguei. Meu lápis rabiscou palavras sem o meu pensamento racional. Transcrevo.
Ser humano.
Ser humano se rende ao sublime.
Abraça-se em diferenças e amplia o pectus.
Às vezes liderados, às vezes liderando, todos humanos.
E, enquanto o rumar pode parecer opção, não o é, os instantes se sucedem e nossos referenciais externos escurecem, amanhecem, resfriam, aquecem, enquanto nossas células descamam e renascem, trocam, cedem, liberam-se da matéria, tornam-se energia liberta.
Enquanto isto, outros rumam a substituir nossa matéria livre. Uma eterna transformação.
Não apenas libertar-se de amarras ou escolher entre polaridades. Rumar ao sublime, sublimar, transcender. Soltar as cordas musicais. Esticá-las até que as cordas vocais se tornem a 8ª de Mahler, a Thousand, Sinfonia do mil.
Palpita-se, se explode e se liberta de expectativas, aguardos e torcidas para simplesmente ser 1/1000, um em mil.
Veni creator spiritus.
p.s. Se você gostar de chuva... gostar de música... desfrute esta sinfonia de Mahler, a sua 8ª, a sinfonia dos mil, e verá que o nosso tempo parece finito, mas por momentos podemos infinitá-lo.
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