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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Véus do coletivo

A sensação pode ser a de estar perdido. Nascidos para um curto espaço tempo, que até pensamos não ter o nosso fim, vamos dia a dia dando conta de sobreviver. Nossos antecessores imbuíram de nos presentear com cuidado e acolhimento. Conseguiram o que conseguiram. A vida continua e com ela surgiram pedras, cascalhos, obstáculos transponíveis e outros não.. O tempo e vida seguem. Uma estrada. Caminhos Enquanto isto, muitas vezes identificados, colados e encantados, tentamos, andamos até que um novo confronto nos coloca frente a frente de nós mesmos. Isto acontece repetidamente. De repente nova nervura caminho e o convite a mudança, novas possiblidades e experiências. Chamei de véu, mas é quase uma capa, não a de ozônio que está para proteção, uma camada feita pelo próprio homem que nos impele a escolhas não reflexivas, o caminho mais florido, mais fácil, dito correto, em detrimentos de uma visão ampliada. Uma cegueira de si mesmo, copiadores de vida. Um véu que nos deixa limitados de nós mesmos. Como me libertar de amarras de maus entendidos, desvios de caminho, sistemas familiares, sistemas socioculturais antigos e vigentes, que nos fragilizam de nós mesmos? Como levitar para além desta camada e olhar para estas camadas que nos velam de nós mesmos? Como perceber o tecido do poder atuando sobre nós, nos fragilizando, ou no mínimo nos levando a contestar nossa existência e convicções internas. Como ouvir as vozes que se manifestam nos ouvidos sintomas do dia a dia da vida, e, no nosso corpo? Como levar uma vida atenta? Como isolar-se no silêncio de si e ver? Como retornar da balbúrdia e fazer escolhas conscientes? Os discursos já estão prontos e amplamente distribuídos até mesmo disfarçados de autoajuda, enquanto esta camada reluzente de um mundo brilhante dividido em carvão e diamante –um mundo exclusivo e não inclusivo- que nos inebria em direção ao diamante. E, quando a nossa mão se aproxima do diamante, sucesso, felicidade ele se afasta. E, a ilusão do encontro com o oásis decepciona, enquanto a procura e vida continuam. Para além? Como dar o próximo passo? Seria um passo parado, um acerto de passo, ou até mesmo um a direita? Como criar um espaço-tempo reflexivo? Como aprender ver - num tempo que se repete, a milênios, - em que o dourado é preferido e ao oposto escuro, pernicioso e castigante? Como manadas, seguimos aos shoppings, praias, em direção aos feriados e férias à procura do caminho da felicidade? Coloridos, adornados com os adereços que transpareçam não apenas o sucesso, a felicidade, ou sua ilusão? Como ver através desta camada de engano? Sobrevoar e reconhecê-la? Como saberei de minhas necessidades sem criar um espaço reflexivo? Em retorno ao médico-amigo relatei uma melhora, meu metrônomo ganhara 3 segundos. A vida continua. Correndo atrás do ouro, ou recolhendo carvões. A vida continua somando experiências ou perdidos no tempo. Mas, sim, existem escolhas. A psicologia analítica é simples, a vida é complexa e somos possuídos de complexos. Sim, isto é meu, recolho esta projeção. Sim, eu também. Tenho sombras. Sim, há um projeto de inteireza e não de perfeição, nasci com o direito de ser eu mesmo, direito a escolhas e transformações. A cada obstáculo, tenho uma nova oportunidade, assim como as ranhuras de pneus. Sim. Sou invadido por complexos, tenho sentimentos e emoções ditos ‘errados’ e algumas eu não quero mais, outras eu aceito, eu lido com elas. Não estou só. Há um poder organizador. Existem sonhos compensadores e sincronicidades o tempo todo. Talvez tenha pontos cegos, ou paredes inteiras cegas. Algum local sem luz? Apontado pelo meu próprio corpo, torções, ansiedades, dores, inquietações? Que vozes estão me falando frente a minha cegueira? Quem me irrita, me coça, apontando para minha própria irritação? Nada me desacomoda? Ou incomoda? Véus, cam

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