Sempre que vencemos alguma tarefa um libido (energia) se liberta para outros movimentos.
Estive com Rafael, López- Pedraza, em literatura, e, ele me
contou novamente o mito de Eros e Psiquê, um trabalho bem mais profundo do que até
então eu havia apreendido.
Vou pinçar apenas o ódio, uma pitada de ódio, um frasco de
ódio:
A terceira tarefa imposta a Psiquê é consciência do ódio. “Mas
a prova do ódio se mostra impraticável e nela Psiquê vê uma dificuldade mortal.”
Diz ele, que em psicoterapia a visita do ódio a níveis muito
inconscientes como o familiar, por exemplo, passa a ideia de grande risco,
também ao terapeuta. Como se algo dissesse: cuidado, há perigo. “O ódio
petrifica qualquer um.”
Não foram poucas as vezes que se esteve frente a uma pessoa
em que os olhos pareciam de dragões e que suas bocas expeliam fogo. Ai que
medo! Mas, também há risco em suprimi-lo ou projetá-lo. “Se somos apenas bons,
o ódio se torna cada vez mais inconsciente e destrutivo. [] O ódio era sagrado.”
Precisamos da intervenção divina de modo a recolher a porção
exata de consciência do ódio que necessitamos.
“O ódio é um ingrediente essencial da civilização. Um dos movimentos
pelos quais se faz a história de uma civilização ou, agregaria, uma vida
produtiva ou uma personalidade, é o desafio.”
Cabe acolher e recolher na medida, com respeito a Zeus. Não
é fácil aceitar e confessar o ódio, parece mais fácil mentirmos para nós mesmos
e, não reconhecê-lo.
Um pouquinho de ódio na pequena vasilha, mais ou menos
consciente é energia fundamental que pode nos mover a competir criativamente. “Essa
consciência que aceita o ódio ao amigo de que mais gostamos ou a mulher que
mais amamos é um impulso para nossa criatividade e nosso amor.”
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