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Objetiva o autoconhecimento como forma de lidar de modo criativo com nossos problemas.

São eventos capazes de ajudar-nos a encontrar caminhos para nossas vidas.

Médica em Carazinho- RS desde 1984, hoje exerce ginecologia e psicoterapia junguiana.


sexta-feira, 20 de julho de 2018

INSTANTES

Instantes! Quem já inspirou em meu consultório talvez já tenha visto um pequeno altarzinho ao momento que se encontra no centro de meu bureau, é apenas a minha escrivaninha de trabalho, mas tem tanto valor agregado que neste escrito re-enfeitei. Bem, minha escrivaninha se renova frequentemente, afinal é a minha mesa de sentido. Mas o que quero falar é de instantes, e a imagem veio deste pequeno altar em que coloquei uma plaquinha de cerâmica. Esta plaquinha, também tem sua história, e história para mim é valor agregado. Ela diz: O melhor lugar do mundo é Aqui e Agora. Este objeto também já ganhou presentes, alguns cristais e pedras de adorno. Mas, voltemos aos dizeres: O melhor lugar do mundo é aqui e agora. Ufa. Literalmente esta verdade é escassa. Define a meditação. Define a inteireza. Semana passada a cerâmica iniciou a consulta. A amiga mulher a minha frente foi captada pelos dizeres e o leu alto. Então sentei para trás, relaxei de minha postura da prontidão à consulta ginecológica e, ambas reverenciamos a arte e as palavras. Do pequeno instante do rapto, ao instante que se seguiu permitimos nos enlevar e ficarmos a três. Ela – a paciente. Eu - a médica. E a sabedoria em palavras disposta ali. Sem sabermos quem nos colocou em temenos, termo que uso quando me refiro ao espaço sagrado que se cria em meio a uma consulta de psicologia analítica. Um momentum, um instante em que se sente a comunhão entre dois egos rendidos a relação de transformação, onde inconscientes e conscientes se conversam envoltos por vaso manto. Pergunto-me agora: Qual a imagem simbólica? Respondo: Bolsa amniótica. Morna. Amorosa. Capaz de conter sem machucar. Aguardar a hora de romper. Este é Um instante. Um instante terapêutico. Um instante sagrado. Um instante reflexivo. Um instante que é “O meu, teu, nosso instante”. Agora, ampliado e com valor agregado. Em comunhão instanteamos o tema. A facilidade da leitura, o agrado da combinação das palavras e a dificuldade em realmente nos colocarmos de instante em instante na vida. Simples e difícil assim: Ficar no aqui. Ficar no agora. Ficar no aqui, que não é o aqui de letras atrás. Colocar do “de si” a maior inteireza possível ao instante. Não tem como não associar a isto a inteireza que se sente quando se algo apaixonado, tomado, com a certeza amorosa e de entrega. Não tem como não ver e sentir que se está em seu sentido de vida. Não tem como não se associar com um momento meditativo. Não tem como não se associar a um encontro com a Fé. Não tem como não se ver neste aqui e agora um “vislumbre” de eternidade. Instantes se repetem? Ou se perdem? Mas, sempre se recriam. E ao se recriarem nos trazem, talvez intuitivamente, certezas medrosas, aquelas sem provas, mas que são certezas: É. Há. Unidade.

Um comentário:

Unknown disse...

Denise! Que bela e profunda reflexão, um “instante” : uma parada para observar e o mistério do significado está aí a nos esperar para um novo sentido. Obrigada pelo texto! Bjbj